Governador do Rio quer legalizar jogo do bicho

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, declarou-se favorável à legalização do jogo do bicho e contrário a qualquer iniciativa de fechar as casas de bingo do País. Em entrevista, nesta segunda-feira, ao programa Sem Censura, da TVE, Cabral defendeu a tese de que combater o jogo do bicho, o aborto e o uso de drogas leves faz o Estado gastar dinheiro e é como "enxugar gelo".

"Em relação ao jogo do bicho, sou absolutamente favorável a legalizar, botar no sol", afirmou o governador. "Está livre? Paga imposto? Já não é mais problema meu. Não preciso reprimir. É um assunto que está resolvido pela lei", defendeu.

Cabral lembrou que, tanto nas drogas como no jogo do bicho, há corrupção policial e envolvimento de políticos. Ele revelou que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, está preparando operações para combater a participação de policiais nessas atividades. "Estamos com uma série de operações para serem iniciadas no intestino da polícia, para enfrentar a corrupção", disse.

Sobre as casas de bingo, Cabral lembrou que foi contrário à proibição do jogo do bingo, na época em que o assunto foi debatido no Senado, por causa dos empregos gerados e pelo fato de que a "terceira idade adora". "É uma frase de efeito, mas que é verdadeira: 'É proibido proibir'", disse Cabral, ao comentar o excesso de regras na sociedade.

O governador ainda citou o caso de uma senhora conhecida sua, moradora de Copacabana. "Conheço uma idosa que todos os dias faz a sua fezinha. Como vamos impedir? Vai dizer para essa senhora que ela está alimentando o crime organizado?", questionou.

Cabral afirmou que não tem medo de tema polêmico e deu como exemplo a defesa de pagamento de pensão a parceiros homossexuais de servidores estaduais. "Quando fui presidente da Assembléia Legislativa, defendi essa medida e ouvi ameaças de líderes religiosos que não iria me eleger senador. No ano seguinte, ganhei com 4,2 milhões de votos", disse.