Lula diz que não pretende conversar com Bush sobre Chávez
"Eu não acredito que o presidente Bush venha conversar comigo um assunto como esse. Até porque eu respeito a soberania de cada país. Eu acho que não há espaço para a gente discutir problemas de outros países, a não ser discutir os nossos próprios problemas. Se nós conseguirmos avançar nos nossos problemas e encontrar soluções para o acordo da OMC [Organização Mundial do Comércio] e para o biocombustível, nós já estaremos fazendo um bem à humanidade extraordinário."
Lula ainda falou sobre sua expectativa para o encontro com o presidente dos EUA. "Eu acredito que nós temos muitas coisas para conversar. Eu penso que nós estamos próximos a um acordo na Rodada de Doha, um acordo que possa favorecer os países produtores de agricultura e, sobretudo, aqueles que têm menos chances de disputar o mercado internacional, sobretudo o mercado fechado, como é o mercado europeu e o mercado americano, com um subsídio muito forte. E o presidente dos Estados Unidos sempre tem um peso importante nessa coisa porque, se os Estados Unidos forem favoráveis a um acordo, facilita esse acordo acontecer. Bem, essa é uma conversa que eu pretendo ter a fundo com o presidente Bush."
O presidente disse ainda que irá debater com Bush a questão dos biocombustíveis, ou seja, a produção do álcool e a produção do biodiesel. "Os Estados Unidos são grandes produtores de álcool, produzem álcool de milho que encarece o álcool americano e, ao mesmo tempo, encarece o milho dos outros países, porque quando os Estados Unidos tiram o milho do mercado de ração para produzir álcool, o álcool fica caro e o milho também fica caro."
Lula afirmou que pretende conversar também com o presidente dos EUA sobre as taxas de importação do álcool. "Eu pretendo, porque na própria discussão na OMC, a acusação que se faz aos Estados Unidos é que os Estados Unidos têm subsídio muito forte para a sua agricultura e a União Européia tem uma proteção muito forte à sua agricultura. Então, o que nós estamos pedindo é que os Estados Unidos deixem de dar o subsídio que dão hoje; que a União Européia flexibilize a entrada de produtos de países do terceiro mundo; e que os países do G-20, do qual Brasil, Índia e China fazem parte, flexibilizem produtos industriais em setor de serviço."
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