MP quer saída imediata de crianças do presídio
Nelson Mandela
A Promotoria da Infância e Juventude de Cuiabá notificou o secretário de Justiça e Segurança Pública, Carlos Brito, a transferir imediatamente todas as crianças que vivem no Presídio Feminino Ana Maria do Couto May, na Capital. Caso não tenham parentes, as crianças serão encaminhadas para o Lar da Criança. Devem ser retirados do local filhos e filhas de detentas que já tenham ultrapassado o período de amamentação - após o 6º mês de vida.
O MPE sugere ainda a reforma da creche que funciona no local de forma totalmente irregular. Caso o Estado não acate a recomendação, o promotor José Antônio Borges Pereira anuncia que ingressará com uma ação judicial para obrigar o governo a cumprir o artigo 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante à criança e ao adolescente o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento.
O promotor José Antônio instaurou inquérito dia 1º de outubro do ano passado para investigar a situação das crianças que vivem com as mães no presídio após receber denúncia de uma avó, que briga pela guarda da neta. Essa senhora contou ao promotor que a criança se aproximou da grade da janela, com uma caneca, e começou a bater com a caneca na grade, chamando a carcereira. A cena chocou a avó, que percebeu na criança hábitos adquiridos por quem vive encarcerado.
Na avaliação do promotor, a situação é insustentável, já que relatório elaborado pelo MPE revela que as crianças dormem com as mães na celas, algumas no chão, e convivem dia e noite com o barulho do ferrolho das celas, em um ambiente insalubre.
Hoje, conforme informações da Sejusp, vivem no presídio feminino de Cuiabá 15 crianças, sendo 14 com idade entre zero e 2 anos e 8 meses. Há ainda uma criança de 4 anos, filha de uma boliviana que cumpre pena em Cuiabá. A criança exige tratamento especial por possuir problemas psicomotores e, segundo o secretário adjunto de Justiça, Carlos Alberto Santana, o sistema prisional tem garantido a ela o tratamento de reabilitação, através da Fundação Dom Aquino Corrêa.
Sobre a possibilidade de retirada imediata das crianças acima de seis meses, Santana informa que essa decisão irá depender do relatório de uma comissão formada na última segunda-feira (26) para tratar do assunto. A comissão é composta por um engenheiro, psicólogos e assistentes sociais, que começaram um levantamento detalhado das condições físicas e estruturais da creche do presídio feminino, bem como dos projetos em andamento, além do número de crianças hoje no sistema prisional do Estado e a situação de cumprimento de pena de cada mãe.
"Caso a secretaria entenda não ser possível fazer as adequações, tomaremos todas as medidas exigidas pela lei", informa o secretário, acrescentando que o prazo estabelecido pelo Ministério Público, de 15 dias, que começou no dia 23, é para manifestação por parte da Sejusp, e que ele será cumprido.
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