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Tecnologia
Segunda - 05 de Março de 2007 às 02:30

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O movimento pró-revisão da proibição de fabricação de supercomputadores pelo Brasil, liderado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, tem o apoio dos professores Simone de Lima Martins e Jorge Fernandes, dos departamentos de Ciência da Computação das universidades Federal Fluminense (UFF) e de Brasília (UnB), respectivamente.

O governo brasileiro é signatário da Resolução 1.540 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Aprovada sob o argumento de evitar que nações hostis ameacem o planeta com armas nucleares, químicas ou biológicas, a resolução abre uma brecha para o controle da compra de componentes de computadores de países como o Brasil. A resolução foi aprovada pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China).

Para Simone Martins o país não pode ficar para trás nessa tecnologia. "Seria muito interessante se a gente pudesse ter essa facilidade". Mesmo para importar os componentes necessários ao funcionamento dos supercomputadores, o Brasil depende da aprovação dos países industrializados que detêm essa tecnologia.

A professora da UFF acredita que, se o país começar a ficar impossibilitado de importar os componentes para as várias máquinas que são ligadas por rede rápida na área da computação, "será o caos".

"A gente não vai conseguir fazer mais nada. Vai ser um abalo muito grande para a gente". Simone Martins admitiu que o Brasil ainda está para trás na área de hardware (equipamento de informática). O mesmo não acontece na área do entendimento da computação e da geração de softwares (programas), em que o país apresenta avanços tecnológicos.

Opinião semelhante tem o professor Jorge Fernandes, da UnB. Ele disse à Agência Brasil que a resolução da ONU afeta mais diretamente os setores de física e química fina, porque "os supercomputadores são usados basicamente para permitir a construção de modelos de simulação mais realistas".

Fernandes afirmou que quem detém essa tecnologia não quer que ela se expanda para outros países. Com isso, as nações emergentes em especial, entre elas o Brasil, se vêem privadas de avançar tecnologicamente.

"Não tem muito sentido banir o uso de computadores. O Brasil já é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Ele nunca desenvolveu armas nucleares e provavelmente nunca vai desenvolver. Mas os americanos que também são signatários têm seus modelos computacionais supersofisticados e usam para desenvolver novos armamentos. Agora, por que eles querem eliminar isso dos outros países?".

Na análise de Fernandes, a questão afeta a soberania dos países. Ele destacou que em se tratando de pensar o futuro de mais longo prazo, é interessante desenvolver esses supercomputadores. Indicou, por exemplo, sua importância na simulação dos fenômenos atmosféricos, por exemplo, para previsão do tempo, simulação de chuva, condições de colheita, tratamento de imagem. "Todas essas aplicações demandam o uso de computadores poderosos", apontou.

Na área da química fina, os supercomputadores são essenciais para a descoberta de novos medicamentos e casamento de padrões de DNA, que são aplicações estratégicas de que "você não pode abrir mão", destacou Fernandes. Ele considera válida a preocupação do secretário de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Alexandre Cardoso, no sentido de reivindicar do governo que reveja a posição do país de signatário da resolução da ONU.




Fonte: Agência Brasil

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