Dirceu promete greve de fome para ser julgado
"Não posso aceitar que eu termine essa história como chefe da quadrilha", diz o deputado cassado, em conversas reservadas. "Quero ser julgado para provar minha inocência."
Depois de se encontrar separadamente com Lula e com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), Dirceu decidiu adiar o movimento em defesa de sua anistia para o segundo semestre. Até lá, tentará reconstruir sua imagem, seriamente abalada pelo escândalo.
Agora, o ex-ministro concordou em iniciar somente depois de julho a coleta de 1,5 milhão de assinaturas para apresentar projeto de iniciativa popular pela anistia.
A expectativa do grupo de Dirceu é que o STF se manifeste entre agosto e setembro sobre a denúncia do procurador-geral de República, Antonio Fernando de Souza, que apontou uma "sofisticada organização criminosa" no coração do governo, chefiada por Dirceu. Se o Supremo aceitar a denúncia, é provável que o processo tramite durante uma década até o julgamento, por causa da morosidade da Justiça.
"Aí é a impunidade", argumenta Dirceu, sempre que expõe o assunto aos petistas. "Não dá para aceitar isso." É nesse momento que ele exagera na retórica: fala até em fazer greve de fome, se preciso for, para pedir que o processo não caia no esquecimento e seja julgado até 2009.
Aos interlocutores, diz ter planos de se candidatar a deputado federal, em 2010, caso consiga a anistia. "Se bem que falar em 2010 agora é como andar na chuva sem pára-brisa: não dá para enxergar o que vai acontecer", compara.
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