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Nacional
Sexta - 02 de Março de 2007 às 11:05

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Longe dos holofotes da crise aérea, a Marinha transformou sua cerimônia de troca de comando ontem em um palanque de queixas contra contingenciamentos do governo, reivindicações por verbas e investimentos para reverter a "situação crítica" que ameaça a Força Naval do país no médio prazo.

O principal pedido da Marinha foi o repasse, previsto em lei, de parte dos royalties da exploração de petróleo --hoje já estariam acumulados cerca de R$ 2,6 bilhões em repasses contingenciados pelo governo. Entre as prioridades, está o projeto do submarino nuclear.

Com a liberação dos royalties recolhidos nos próximos dez anos, o novo comandante, almirante Julio Soares de Moura Neto, diz ser possível realizar o Programa de Reaparelhamento, sob análise na Casa Civil.

Em sua despedida do posto, o almirante Roberto de Guimarães Carvalho discursou largamente sobre as "duras lutas diárias" sobre os temas que "afligem" a Marinha: remuneração, orçamento e reaparelhamento. "A Marinha que estou passando não é a que gostaria de passar, mas é a que foi possível manter e aprestar."

Antes disso, ele lembrou da promessa do presidente Lula de reaparelhamento da Marinha. E ressalvou: "Mas é preciso que as esperanças se transformem em realidade".

O ministro da Defesa, Waldir Pires, discursou por último e fez uma única menção aos pedidos: "Seremos companheiros nessas aspirações". Em entrevista, depois, disse que defende a liberação dos royalties.

"Essa é a velha luta de sempre com as áreas econômicas, mas é uma batalha saudável."

Segundo dados do Ministério da Defesa, o orçamento da Marinha passou de R$ 6,8 bilhões em 2004 para R$ 8,3 bilhões em 2006. A previsão para 2007 é R$ 10,1 bilhões.

O aumento é insatisfatório para a Marinha. "Apesar da melhora observada a partir de 2004, continuou a ser flagrante, como já vem ocorrendo há pelo menos 12 anos, a elevada desproporção entre o que se necessita e o que é alocado", disse o ex-comandante.

O novo comandante destacou a importância do Brasil e a responsabilidade de vigiar amplas áreas do Atlântico Sul. Segundo ele, 95% do nosso comércio exterior é feito pelo mar, onde também estão 85% das reservas de petróleo.

O reaparelhamento da Marinha é imprescindível para que o Brasil amplie seu território marítimo. Hoje, o território do país no Atlântico tem cerca de 3,6 milhões de km2.





Fonte: Folha de S.Paulo

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