Compra de armas cai 40,6%, 10 anos após Estatuto do Desarmamento
O número de pessoas que compram armas de fogo caiu 40,6% desde dezembro de 2003, quando foi sancionado o Estatuto do Desarmamento. É o que aponta estudo feito pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ministro-chefe interino da secretária de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, que levou em conta a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para analisar os impactos da lei sobre a propensão à compra de armas no País.
De acordo com a pesquisa, o número anual de armas de fogo compradas pelas famílias brasileiras caiu de 57 mil para 37 mil entre a POF de 2002-2003, concluída pelo IBGE antes da sanção do Estatuto, e a edição seguinte da pesquisa, de 2008-2009. O ponto de resistência está na região Sul, que assumiu a liderança nacional na aquisição de armas pessoais com um crescimento de 21% entre 2003 e 2009, na contramão do país.
Homens compram mais armas que mulheres
Segundo o estudo, os homens têm oito vezes mais chances de comprar uma arma do que as mulheres. A demanda masculina por arma, porém, teve queda de 45,1% após o Estatuto. As pessoas que são responsáveis pela casa têm chances 636% e 154,2% maiores de comprar armas que as dos cônjuges e filhos, respectivamente. Este grupo também teve queda na demanda por armas, de 39,1% no período.
Jovens entre 20 e 29 anos superam em 172% as pessoas 20 anos mais velhas na demanda por armas. Esse grupo, porém, também sofreu queda, de 51,2%, após o Estatuto.
Embora tenham menor renda, os analfabetos e as pessoas com até três anos de estudo compram armas com o dobro da frequência observada entre pessoas com 12 anos ou mais estudo. Quando considerada a renda, os membros da classe C são os que mais apresentam propensão a comprar uma arma. Esse grupo supera em 7,5% e 103% as aquisições das classes AB e E, respectivamente.
Armas no campo
O estudo aponta também que a proporção de compradores de armas no campo é 396,4% maior do que em metrópoles. “A maior percepção da necessidade de proteção do patrimônio talvez explique o resultado”, explicou Neri.
Se comparados, empregadores e trabalhadores autônomos têm chances 219,7% e 59,9% maiores de comprar armas do que empregados privados.
Segundo Marcelo Neri, os dados apontam que “a compra de armas cai mais onde era maior: jovens, homens, solteiros, de baixa educação e da classe C”.
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