Violência em cidades de MT coincidem com grilagens e trabalho escravo
A grande mancha de violência que se espalha pelas bordas da Amazônia Legal abarca os dois estados que historicamente mais concentram casos de mão-de-obra análoga à escravidão. De 1995 a 2006, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram libertadas 4.553 pessoas no Mato Grosso e 8.177 no Pará, o que representa 56,8% dos casos brasileiros. Apenas em 2006, 444 pessoas ganharam a liberdade no Mato Grosso, enquanto no Pará foram 1.180 trabalhadores.
A grilagem de terras, o desmatamento ilegal e a pressão do agronegócio por mais terras somados à fraca atuação do Estado são geralmente apontados como os principais ingredientes para que a violência prolifere na região.
Cinco municípios matogrossenses estão entre os 100 mais violentos do Brasil, nos quais já foi encontrado trabalho escravo, são eles: em 56º lugar Nova Ubiratã, 58º Nova Bandeirantes, 59º Novo Mundo, 63º Tapurah e em 66º Brasnorte. O estado recordista é o Pará com sete cidades.
Mesmo analisando separadamente os municípios mais violentos constata-se coincidência com os casos de escravidão. Entre os cem mais violentos do Brasil, em pelo menos 15 já foi encontrado trabalho escravo. Essas cidades estão concentradas em quatro estados: Mato Grosso, Pará, Roraima e São Paulo.
O relatório da OEI revela que a taxa de homicídios por habitantes dessas 15 cidades ultrapassa a de grandes metrópoles brasileiras. Marabá, no Sudeste do Pará, é uma das campeãs brasileiras de trabalhadores libertados, com 60 casos de trabalho escravo e 363 libertados entre 1969 e 2005, também segundo a CPT. Ao mesmo tempo, a cidade é uma das mais perigosas do país, registrando 71 homicídios a cada 100 mil habitantes no período medido pela OEI. Cidades conhecidas mundialmente por seus casos de violência, como São Paulo e Rio de Janeiro, registraram 48,2 e 57,2 homicídios, respectivamente.
A pesquisa da OEI foi realizada com base nos registros de óbitos do Ministério da Saúde. O cálculo da média de homicídios considera as mortes ocorridas entre 2002 e 2004, e a população dos municípios nessa época. Com informações de Iberê Thenório da Ong Repórter Brasil.
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