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Internacional
Quarta - 28 de Fevereiro de 2007 às 16:44

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O abuso de medicamentos legais com receita, em especial remédios para emagrecer, está prestes a superar o consumo de drogas ilícitas, segundo o boletim anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) publicado em Viena.

Segundo o documento, o Brasil e a Argentina estão entre os países mais afetados por essa tendência, enquanto o Chile reduziu seu consumo.

"A maioria dos países não se dá conta da amplitude desse desvio e de seu abuso", apesar da multiplicação das mortes relacionadas a elas, afirmou Philip Emafo, presidente de órgão ligado à ONU.

"Em nível mundial, as receitas legais de fentanil (um opiáceo 80 veces mais potente que a heroína) triplicaram desde 2000", declarou Emafo.

Em algumas regiões do mundo, o abuso de medicamentos com receita médica superou o de drogas ilícitas, como heroína e cocaína, principalmente na América do Norte e na Europa.

Nos Estados Unidos, o abuso de analgésicos se tornou habitual entre os estudantes. Países como a Índia e a Nigéria também estão enfrentando um rápido crescimento.

A JIFE acredita que na França, um quarto das receitas de buprenorfina (Subutex), um analgésico derivado da morfina, é desviado para o mercado ilícito, e às vezes reexportado.

Outro fenômeno recente é o uso excessivo de anorexígenos, produtos para emagrecer, cujos perigos vão da dependência até a morte.

Essas sustâncias "são, atualmente, utilizadas indiscriminadamente para alimentar a obsessão pelo emagrecimento em algumas sociedades", explicou Emafo.

Os países mais afetados, por ordem decrescente, são: Brasil, Argentina, Coréia do Sul, Estados Unidos e Cingapura.

A JIFE também afirma que o Chile, a Dinamarca e a França têm "diminuído consideravelmente" o consumo dessas sustâncias devido a um controle mais restrito.

Ao mesmo tempo, o desvio de medicamentos com receita, a venda ilegal de produtos farmacêuticos, inclusive através da internet, continua com "a chegada ao mercado de quantidades maiores e mais variadas".

Segundo a Junta, o número de "ciberfarmácias" ilegais segue crescendo, com dezenas de milhares atuando pela internet. Cerca de 84% delas comercializam medicamentos a base de benzodiazepinas e 68% de opiáceos, de acordo com estimativas.

"Esses medicamentos podem vir de roubos, de desvios e também de vendas ilícitas por parte dos fabricantes", destacou Efamo.

O mesmo ocorre nos países em desenvolvimento, onde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) até 50% dos medicamentos podem ser pirateados, com validade estourada ou imitações de qualidade, segurança, eficácia, origem e posologia desconhecidos", concluiu.





Fonte: AFP

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