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Esportes
Segunda - 26 de Fevereiro de 2007 às 06:50
Por: Jair Rattner

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Portugal está há quatro anos em crise econômica, e isso tem um efeito na moral dos portugueses: deixa o país inteiro em depressão. Para tentar readquirir a confiança no futuro, os portugueses se miram em Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção nacional.

Desde que chegou a Portugal, Scolari tem batido recordes: a seleção chegou a um inédito segundo lugar na Eurocopa de 2004, teve a maior seqüência invicta de jogos da história do futebol do país (17, até a Copa do Mundo de 2006) e, na Alemanha, atingiu o quarto lugar, a segunda melhor colocação da história.

Antes, a seleção portuguesa só tinha um terceiro lugar, quando foi dirigida pelo brasileiro Oto Glória, em 1966.

"O Luiz Felipe Scolari trouxe uma esperança messiânica, que é algo que está muito de acordo com a identidade emocional portuguesa", afirma o psicólogo Carlos Amaral Dias.

"Nós somos ciclotímicos, temos tendência a estarmos numa situação emocional alta, quando estamos a ganhar, ou acharmos que somos os priores do mundo", acrescenta o português. "Ele desenvolveu uma espécie de ciclo alto permanente em que os sentimentos identitários nacionais se revêem na posição dele."

"Scolari tem a capacidade de transportar um sentimento messiânico, mágico, de dizer eu acredito em Deus, vocês acreditam em Deus, somos fortes e vamos ganhar", diz Dias.

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Quem primeiro percebeu o papel que Scolari tem hoje em Portugal foi o meio publicitário.

Com um contrato de exclusividade dos direitos de imagem com o banco Caixa Geral de Depósitos, o treinador não convoca os portugueses para ter contas no banco, mas para atuarem em campanhas de apoio social patrocinadas pelo banco, como a do voluntariado.

"Além de ser muito divertido, ele explica a importância que as pessoas tiveram na vida dele. Porque ele é um humanista por excelência", afirma Luís Goldschmidt, do departamento de comunicação da Caixa Geral de Depósitos.

"Scolari é uma pessoa carismática, porque transmite energia, transmite alegria e transmite conhecimentos", elogia Goldschmidt.

Mas para quem trabalha com economia, o treinador brasileiro não é um remédio santo para os problemas do país. Sérgio Aníbal, especialista em macroeconomia do jornal português Público, tem uma visão mais cética.

"Ao mesmo tempo que há este efeito do futebol, que tem sido positivo com a Eurocopa e os resultados da seleção, há outro efeito que é mais forte. Trata-se da conjuntura econômica que, desde 2002, é de queda", avalia Aníbal.

"Podemos sempre pensar que a queda seria maior se não houvesse esses eventos, esses resultados, as pessoas estariam mais deprimidas", acrescenta o analista.

"No caso português, torna-se muito difícil chegar a uma conclusão de que o futebol ajudou a economia, porque a economia tem estado muito mal nos últimos anos", conclui Sérgio Aníbal.




Fonte: BBC Brasil

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