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Nacional
Sábado - 24 de Fevereiro de 2007 às 16:22

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A maioria dos 19 deputados nomeados para relatar projetos ou presidir comissões relacionadas ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), principal bandeira do governo Luiz Inácio Lula da Silva para alavancar o crescimento do país, teve parte de suas campanhas eleitorais financiadas por empresas que atuam na área de infra-estrutura.

A escolha dos relatores que analisarão o pacote do governo para tentar alavancar o crescimento do país foi feita pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Segundo ele, a seleção foi feita por "afinidade ou experiência".

Levantamento feito pela Folha identificou que ao menos 14 dos 19 parlamentares receberam doações de empresas do setor, conforme dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ramo de atividade das empresas foi analisado como consta na Receita Federal.

No total, o PAC recebeu mais de 700 emendas de deputados. As obras relacionadas ao PAC são cobiçadas por empreiteiras, que iniciaram intenso lobby nos corredores da Câmara.

Há casos emblemáticos na lista de relatores. Um exemplo é o deputado Milton Monti (PR-SP), encarregado de relatar a medida provisória que trata da liberação de crédito para o Ministério dos Transportes. A pasta é cota do PR (ex-PL) na Esplanada. Monti é ligado ao ex-presidente do partido, deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Ele recebeu R$ 200 mil da Companhia de Navegação da Amazônia, que atua na área de navegação de carga; R$ 50 mil da Egesa, construtora de rodovias e ferrovias; e R$ 25 mil da empreiteira carioca Christiani Nielsen, ligada à concessionária de rodovias.

"Se for analisar por esse ângulo, poucas pessoas vão poder relatar. Meu caso é relativizado: a escolha foi feita com transparência entre o presidente da Câmara e o líder do PR", argumentou Monti.

Responsável pela polêmica MP que cria um fundo de investimentos para infra-estrutura abastecido com recursos do FGTS, Wilson Santiago (PMDB-PB) teve sua campanha praticamente toda custeada pelas doações de R$ 110 mil da empreiteira Fidens Engenharia e de R$ 95 mil da Terradrina Construções.

Outros casos

De acordo com dados da Receita, a Fidens atua na construção de rodovias e ferrovias.

Outro relator que recebeu dinheiro na eleição da Fidens --R$ 100 mil-- foi Jaime Martins (PR-MG), que analisará a MP de liqüidação da Rede Ferroviária Federal. Também recebeu R$ 200 mil da construtora Santa Bárbara. A base eleitoral de Martins é a cidade de Divinópolis (MG), que possui um complexo ferroviário.

"Não vejo nenhum questionamento. Sou presidente da frente parlamentar ferroviária e, como empresário, usuário de ferrovia", afirmou.

A outra MP que institui um fundo direcionado à infra-estrutura ficará a cargo do presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE). Ele recebeu recursos na campanha de diversas empreiteiras, como a Camargo Corrêa (R$ 50 mil) e a Construtora OAS (R$ 25 mil), além de siderúrgicas e outras empresas de construção pesada.

O deputado Átila Lins (PMDB-AM), relator da MP da TV digital, recebeu R$ 70 mil da Barbosa Mello, gigante do ramo de infra-estrutura.

Além dos cinco casos, receberam recursos de empresas de construção de peso: Jilmar Tatto (PT-SP), Odair Cunha (PT-MG), Fernando de Fabinho (PFL-BA), José Pimentel (PT-CE), Roberto Santiago (PV-SP), Márcio Reinaldo (PP-MG), Tadeu Filippeli (PMDB-DF), Vignatti (PT-SC) e Ciro Gomes (PSB-CE).

Dos 19 deputados, em cinco deles não foram identificados repasses diretos de empresas do ramo: Júlio Delgado (PSB-MG), Nelson Meurer (PP-PR), Max Rosenmann (PMDB-PR), Dagoberto (PDT-MS) e João Maia (PR-RN).





Fonte: Folha de S.Paulo

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