Lula quer diretor com o perfil de Fiocca para BC
Segundo a Folha apurou, Lula avalia que o próprio Fiocca seria um nome adequado, mas vê complicadores. O primeiro é evitar que se firme a versão pública de que sua nomeação seja uma intervenção no BC e o fim de sua autonomia operacional.
Segundo complicador: Lula considera que Fiocca faz uma gestão positiva no BNDES, banco com poder de fogo econômico e político superior ao de uma diretoria do BC. Seria, portanto, mais fácil procurar alguém com o perfil dele.
Próximo ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, de quem foi assessor no Ministério do Planejamento e a quem sucedeu na presidência do BNDES, Fiocca é um crítico da política monetária.
No BC, seria visto como uma tentativa de intervenção de Lula. Meirelles poderia, por exemplo, pedir demissão, afirmam amigos do presidente do BC.
Segundo relato de ministros, Lula faz a seguinte indagação: por que não poderia colocar um diretor entre oito que tenha visão econômica diferente da predominante?
Na opinião de Lula, seria uma forma de "arejar" os debates no BC e de mostrar que o colegiado não representa o chamado "pensamento único" -visão mais ortodoxa e ligada ao mercado que sustentaria, por exemplo, a avaliação de que a queda dos juros deve ser mais gradual do que defendem industriais e sindicalistas.
Lula teve uma reunião com Meirelles anteontem para discutir a composição da diretoria do BC e medidas que a instituição vem tomando, sem sucesso, para tentar evitar maior valorização do real.
O presidente já disse a Meirelles e à cúpula do PT que continuará a respeitar a autonomia operacional do BC. Mesmo quando fica contrariado com as decisões do banco, não manifesta discordância pública.
O que Lula deseja, segundo auxiliares, é participar mais das decisões econômicas. Manter Meirelles na "rédea curta", segundo expressão dele próprio.
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