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Domingo - 31 de Março de 2013 às 14:58
Por: HELSON FRANÇA

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Geraldo Tavares/DC
Muitos têm curso superior e procuram uma colocação no mercado mato-grossense
Muitos têm curso superior e procuram uma colocação no mercado mato-grossense
Em busca de trabalho e atraídos pela crença de que a cidade atravessa um bom momento econômico, devido, sobretudo, às transformações e a preparação para a Copa do Mundo, a procura dos haitianos pela capital mato-grossense tem aumentado significativamente. 

O Haiti, em 2010, foi quase todo devastado por um terremoto que matou, aproximadamente, 600 mil pessoas. O Brasil tem dado apoio ao país, inclusive enviando tropas do exército e mantimentos. 

Desde o início do ano até o presente momento, dos 90 estrangeiros atendidos pela Pastoral do Migrante de Cuiabá, 66 eram do Haiti. A quantia já é 40% superior ao número de haitianos recebidos pela entidade em todo o ano passado. 

Em 2012, passaram pela Pastoral, ao todo, 47 haitianos. Atualmente, das 38 pessoas que residem no local, 34 são do país. O local tem capacidade para 51. 

A migração cada vez mais intensa dos haitianos para Cuiabá tem preocupado Eliana Aparecida Vitaliano, que há 10 anos coordena a pastoral. 

“A cidade, a exemplo de tantas outras do Brasil, não possui uma política de integração social para receber os haitianos. Não são todos que conseguem trabalho logo. Muitos têm dificuldade de adaptação por conta da diferença do idioma. Além disso, depois da Copa, como eles vão ficar?”, observa. 

Em linhas gerais, os haitianos - alguns com formação de nível superior - que aportam em Cuiabá são aproveitados na área da construção civil e limpeza. 

Como no caso de Manel Vital, 31 anos. Natural de Porto Príncipe, a capital do Haiti que se encontra totalmente em ruínas, o contador e analista de sistemas conseguiu um emprego de gari. 

Parte de seu salário de R$ 719,00 é reservado à família, formada pela mulher e três filhos, que ainda vive em Porto Príncipe. 

“Lá não tem trabalho, só miséria e destruição. Tenho que trabalhar para tentar ajudar a minha família para, quem sabe um dia, poder dar uma vida melhor para todo mundo”, contou. 

Ele, que perdeu tios e primos no desastre, pretende permanecer no Brasil por tempo indeterminado e conta que ficou sabendo de Cuiabá quando estava no Acre. 

“Estava difícil conseguir serviço lá também e falaram que aqui poderíamos ter mais oportunidade. Resolvi arriscar”. Manel está na cidade há 24 dias. 

Seu colega, Jordany Garcon, 23 anos, teve mais sorte, pois sua família conseguiu sobreviver ao terremoto. Porém, a exemplo de Manel, saiu do país por não ver perspectiva profissional alguma, mesmo residindo em Gonaives. Situada no nordeste do Haiti, a cidade não foi tão prejudicada pelo terremoto como Porto Príncipe, mas devido à migração dos que tiveram os lares destruídos, as oportunidades de emprego foram se tornando cada vez mais escassas. 

Fluente em espanhol e francês, o jovem se mudou para a República Dominicana e Equador, até chegar ao Brasil, pelo Acre e resolver se aventurar para Cuiabá. 

Otimista, ele espera conseguir um bom emprego na Cidade Verde. Nesta segunda-feira (1), Jordany terá uma entrevista numa escola de idiomas. 

“Deseje-me sorte”, disse. 





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