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Economia
Quarta - 21 de Fevereiro de 2007 às 11:10

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A comercialização de boa parte da produção de milho neste ano pode ser prejudicada por falta de estrutura para a estocagem do grão. A segunda safra do produto, a chamada safrinha, que será plantada até a segunda quinzena de março, corre o risco de não ter onde ser armazenada.

Acompanhamento anual feito pelo professor Paulo Rezende, da Fundação Dom Cabral, mostra que haverá um déficit de 40% de armazenagem de grãos no segundo semestre deste ano. “Só 60% da produção de safrinha de milho terá onde ser guardada”, afirmou.

O milho é uma das principais lavouras cultivadas na segunda safra. O trigo, outra cultura típica de inverno, tem período de cultivo diferenciado. O quinto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de grãos 2006/07, divulgado ontem, comprovou as previsões da iniciativa privada que indicam que os produtores estão muito animados com a safrinha de milho. A área deve crescer 11,8% para 3,7 milhões de hectares. A produção crescerá 14,9%, para 12,302 milhões de toneladas. O aumento é superior a 2 milhões de toneladas em relação à última safra.

“Os preços estão bons e a área plantada pode crescer ainda mais” disse o presidente da Conab, Jacinto Ferreira. Parte do entusiasmo vem do mercado externo: a Conab prevê exportações de 6,5 milhões de toneladas de milho no ano-safra, contra 3,856 milhões de toneladas no período anterior. Incluindo a primeira safra, a produção total de milho neste ano deve ser de 47,9 milhões de toneladas, alta de 12,7% em relação ao período anterior.

O milho safrinha engorda a estimativa total para a colheita de grãos na safra 2006/07. As lavouras de verão foram plantadas a partir de meados de setembro e começaram a ser colhidas na maior parte das regiões produtoras do País. No total, os produtores brasileiros colherão 126,5 milhões de toneladas de grãos neste ano, maior produção da história do País. Para o IBGE, que divulgou sua estimativa na quarta-feira, a produção chegará a 127,9 milhões de toneladas.

De acordo com a Conab, a produção agrícola crescerá 2,7% sobre a safra 2002/03, tida até então como a melhor da agricultura nacional. Em relação à safra anterior, 2005/06, quando os produtores colheram 120,8 milhões de toneladas, o crescimento é de 4,7%, ou 5,7 milhões de toneladas a mais.

“O produtor plantou esperando preços melhores, mas quem vai acabar ganhando é quem tem capacidade de armazenagem, ou seja, as grandes empresas”, afirmou Rezende. Mas Denise Deckers do Amaral, superintendente de Armazenagem e Movimentação de Estoques da Conab, disse que a situação não é alarmante.

Ela argumenta que a safra agrícola é colhida em épocas diferentes, o que permite o uso rotativo dos armazéns. De acordo com a Conab, a capacidade de armazenagem no País é de 122 milhões de toneladas. O professor rebate lembrando que o recuo dos últimos anos nos preços dos principais produtos agrícolas fez muitos produtores guardarem parte da produção para venda posterior.

“Além disso, a má situação das estradas não ajudou no escoamento das últimas safras.” Por causa desses dois fatores, os armazéns não estarão totalmente livres quando a safra 2006/07 precisar ser armazenada.

Eles concordam, no entanto, que o problema da armazenagem é mais grave em algumas regiões. O professor cita as regiões Sul e Centro-Oeste, que lideram o ranking de maiores produtoras de grãos do País. No Sul, a proximidade com os principais portos brasileiros piora a situação da armazenagem. Para a superintendente da Conab, os problemas são mais graves no norte do Mato Grosso, sul do Pará e sul do Maranhão. (AE)




Fonte: 24 Horas News

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