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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Segunda - 19 de Fevereiro de 2007 às 08:28
Por: Andréia Fontes

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Álcool, droga, depressão, violência. Homens que vivem no limite e, sem apoio psicológico, acabam se transformando no oposto desejado e imaginado pela sociedade e família. É assim a vida de muitos policiais, ou o fim dela. O problema é apontado por psiquiatras, famílias e até mesmo pelas corporações.

O psiquiatra forense de Mato Grosso, Zanizor Rodrigues da Silva, que trabalha há anos no serviço público e conhece o profissional doente, afirma que o problema é grave. Em sua análise, ele começa na própria entrada do cidadão para a polícia, afirmando que não há uma avaliação psicológica adequada. Depois, estes policiais são submetidos a uma série de situações que podem e estão levando muitos à doença.

Zanizor afirma que na Polícia Militar, principalmente entre os soldados, é "muito comum" transtorno de alcoolismo, dependência química e quadro psicótico.

As reclamações são geralmente do salário baixo, da carga horária extremamente pesada, do regime em que estes policiais vivem e, sem dúvida alguma, do risco da profissão. Ele aponta que os policiais se queixam ainda da falta de assistência na área psicológica e da insensibilidade dos superiores e, embora o quadro mais comum, segundo ele, seja o de alcoolismo, Zanizor garante que tem recebido policiais psicóticos, com quadros até irreversíveis.

O psiquiatra, demonstrando preocupação com a situação, destaca que os policiais, muitos doentes, ainda na ativa, têm o direito de andar armado. "Então, você vê como é que eles vão lidar com a população em uma condição dessa. São indivíduos no limite e armados. E quando eles estão sob um regime militar, eles não podem fazer reivindicações diretas. Então, eles estão sempre no limite para explodir".

Zanizor defende que deveria existir uma peneira maior para o ingresso na carreira. Enfatiza, que há quadros onde isso já acontece, como no caso da Polícia Civil, no ingresso dos delegados. Também aponta que a seleção de oficiais é mais rigorosa, e isso tem mudado o quadro. Mas lembra que a impressão que possui é que a Polícia Militar "não consegue visualizar que tipo de policial está colocando na rua". "Me dá a impressão que pela necessidade de contratação, de compor este corpo de policiais, eles não têm tempo adequado de selecionar. Deveria ter uma peneira psicológica maior, deveria passar por uma avaliação psiquiátrica real, porque o que é solicitado às vezes é só um exame, e só um exame psiquiátrico não dá para você avaliar ninguém. É importante também avaliar socialmente estes indivíduos".

Zanizor sugere que a PM faça o que algumas empresas estão realizando, um chek-up anual de seus profissionais e, ao detectar alguma problema, afaste este policial para um tratamento. Se o problema é financeiro, o psiquiatra aponta que o próprio Sistema Único de Saúde (SUS) poderia arcar com isso.

O psiquiatra Zanizor Rodrigues afirma que o quadro na Polícia Civil é diferente. Apesar de também existir problema, principalmente de alcoolismo, ele destaca a seleção mais adequada é dos delegados. "São pessoas extremamente melhor preparadas, educadas. Então, estamos percebendo que há uma melhoria na área civil, mas ainda temos problema, não em um teor tão grande quanto ao da PM. Eles também trabalham no extremo, com uma violência terrível, as delegacias continuam sem condição alguma. Lidando às vezes com presos de muito risco. Todas estas áreas de limite, é muito difícil manter o equilíbrio".

Falando em áreas de risco, o psiquiatra ainda ressalta os soldados do exército. Aponta que, talvez pela forma rígida que estão sendo "moldados", muitos estão buscando nas drogas uma forma de "escape". "Por incrível que pareça o exército virou, e estou falando isso textualmente, uma fábrica de usuários de drogas. Impressionante como usam drogas no exército. E quando falo isso são dos soldados, não dos oficiais que são muito bem preparados e selecionados. Mas em relação aos soldados, nunca vi uma fase que usam tanta droga. Parece até que a pessoa entra para o exército e volta usuária de droga, não quero dizer dependente".





Fonte: Gazeta Digital

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