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Internacional
Segunda - 19 de Fevereiro de 2007 às 06:11
Por: Guilherme Aquino

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A Semana de Moda Outono-Inverno 2007/08 de Milão foi aberta na quinta-feira com um desfile especial para marcar a introdução de novas regras 'anti-anorexia' nas passarelas da cidade.

A partir desta edição, que começa oficialmente no sábado, o evento em Milão vai proibir o desfile de modelos que tiverem menos de 16 anos ou índice de massa corporal (IMC) inferior a 18,5 kg/m².

As mortes recentes da modelo brasileira Ana Carolina Reston e da uruguaia Luisel Ramos causaram grande preocupação entre as autoridades italianas e o mundo da moda, e por isso, o desfile de sexta teve um caráter especial para chamar a atenção para os perigos da anorexia.

No desfile de quinta, armado em uma passarela erguida pela prefeitura da cidade na Avenida Sempione, ao lado do Arco da Paz, só desfilaram modelos 'normais', a roupa de número equivalente ao 36 brasileiro foi abolida das araras e ainda foi distribuída uma cartilha especial com informações básicas sobre como reconhecer sinais de bulimia e anorexia.

Moda & Comida Nos camarins, as modelos receberam a visita e os desejos de boa sorte de um respeitável grupo de cozinheiros, todos da Seleção Nacional dos Cozinheiros italianos. Juntos, posaram para fotos e passaram um recado claro: “Comer faz bem à saúde”.

“A Itália é a terra da comida mediterrânea que conquistou o mundo assim como as nossas roupas", disse à BBC Brasil, Mario Boselli, presidente da Câmara Nacional da Moda, a instituição mais importante do setor no país.

"O estilo de vida italiano deve ser seguido e acho que os estilistas irão se adequar às novas regras".

Quem desfilou vestia entre 38 e 42. Uma diferença pouco visível a olho nu de quem veste 36. Até porque foram desfiles quase sem braços e pernas de fora, por tratar-se das coleções de outono/inverno apresentadas por quatro grifes e novos estilistas de uma escola de design.

Mas as peças mais ousadas, com decotes generosos na frente ou com as costas nuas, foram vestidas por modelos que não exibiam omoplatas sobressalentes ou costelas à mostra. O recado foi dado.

O público gostou do que viu, um desfile sob medida para os padrões normais de beleza.

“O meu número é 44, mas se apertar um pouquinho acho que entro numa calça comprida que vi passar. Mas quero dizer que estou muito satisfeita comigo e acho importante combater esta ditadura da magreza exagerada“, disse sorrindo uma italiana alta e “cheinha”, que não quis dar o nome.

Cartilha

A cartilha distribuída ao público no local do desfile começou a ser preparada logo depois da morte da brasileira Ana Carolina Reston e da estudante de moda Carla Casalle, no fim do ano passado. A ministra das Políticas Juvenis e dos Esportes, Giovanna Melandri, acelerou o debate sobre o tema da anorexia em conversas com estilistas, produtores da moda e representantes da mídia especializada.

Na ocasião, a porta-voz do ministério Lucia Uriuoli, disse à BBC Brasil que “as mortes das brasileiras tiveram uma grande influência na elaboração de um código de auto-regulamentação”.

Centenas de cópias foram distribuídas gratuitamente na calçada. Em suas 16 páginas estão informações básicas, que se aprendem na escola, sobre os cuidados com o corpo e com a mente.

O livrinho contém dicas sobre a dieta e o estilo de vida: coma alimentos de altos valores nutricionais como ovos, leite, peixe e soja; durma oito horas por noite, faça atividades físicas aeróbicas quatro vezes por semana. A cartilha ensina ainda, de forma didática e acessível, a combater o estresse e de reconhecer os sintomas da anorexia e da bulimia.

O manual também ajuda as famílias a lidarem com os problemas conseqüentes dos distúrbios alimentares. “Os pais não devem culpar a filha pela suas mudanças de atitude em relação à comida” e “devem estimular a filha a estar à mesa com outros jovens”, entre outras recomendações.




Fonte: BBC Brasil

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