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Polícia Brasil
Sábado - 17 de Fevereiro de 2007 às 04:21
Por: keka Werneck

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A Polícia Federal investiga suspeita de tráfico de uma mulher cuiabana para prostituição e vai encaminhar o caso à Interpol em Brasília para que interfira.

N.S.S., de 21 anos, viajou para a Espanha, atrás de um emprego de vendedora. Na primeira ligação que fez para o ex-marido, chorando, contou que na verdade havia sido levada para uma casa de sexo. E que não poderia voltar, a não ser que pagasse R$ 15 mil, um dinheiro que ela não tem.

N. foi convidada pelo filho de um homem que vive no bairro Jardim Maringá, em Várzea Grande, onde ela morava. Aqui, ela trabalhava como vendedora no shopping dos camelôs também em Várzea Grande. O que a levou para o estrangeiro foi o sonho de uma vida melhor.

“Estou preocupado, com a cabeça que não consegue pensar em mais nada”, diz o ex-marido, A.C.S., 29 anos. “Ainda mais que ele disse estar grávida de mim. Só quero que a situação seja investigada, se ela estiver bem, tudo beleza”.

O homem que fez o convite, cujo nome foi repassado à Polícia Federal, mandou, previamente, para N. 600 euros. O dinheiro deu para o embarque. No dia 8 de fevereiro, ela se foi. Uma quinta-feira. No domingo seguinte, 11, ligou de Vigo, cidade turística e pesqueira da Espanha.

“Estou numa casa de prostituição”, narra o ex-marido. Ele, então, disse para ela voltar. E ela explicou que não tinha o dinheiro cobrado. Daí, ele pediu que ela anotasse o endereço de onde ela estava, ligasse às 15 horas informando, para que ele fizesse alguma coisa. Ela não ligou. Preocupado, ele levou o caso à Polícia Federal e concedeu entrevista a uma emissora de TV.

No mesmo dia em que a matéria foi ao ar, a moça ligou de novo, desta vez demonstrando estar brava, dizendo que ele está louco de fazer uma coisa dessas, para retirar a queixa. Ligou para a família, negando tudo.

“Ninguém acredita mais em mim, mas eu falei para ela assim, olha N., eu não estou entendendo nada e se tiver alguém aí do seu lado, te forçando a falar essas coisas, você diz ahã. E ela disse: ahã”.

O papiloscopista da PF Ricardo Marques de Oliveira, que está acompanhando o caso, é o representante substituto da Interpol em Mato Grosso. “O marido nos procurou, no dia 13, e eu fiz uma conversa prévia com ele. Não me parece estar contando mentira, mas precisamos confirmar isso, porque denúncias como essas chegam “n” para nós e algumas são de mulheres que foram para outros países sabendo o que iam fazer lá e quando se desesperam, querem voltar”, diz o policial. “Vou mandar um relatório hoje (ontem) ou amanhã (hoje) para a Interpol em Brasília, para que entre em contato com a Interpol da Espanha”, informa ele.

N. deixou com a mãe um menino de 4 anos. O ex-marido conta que estavam separados há apenas 20 dias, mas não deixaram de se encontrar, e os planos dele eram de ir também para a Espanha. “Agora, o que quero é tirá-la desse lugar”.

CRIME – O Código Penal brasileiro define, em seu artigo 231, a pena de 3 a 8 anos de prisão para quem “promover ou facilitar a entrada no território nacional de mulheres que nele venham a exercer a prostituição, ou saída de mulher que vá exercê-la no estrangeiro”. Conforme dados divulgados no ano passado pela Organização Internacional do Trabalho, 43% das pessoas traficadas em todo o mundo são usadas na exploração sexual comercial, “mercado” que rende lucros globais de 31 bilhões de dólares por ano.




Fonte: Diário de Cuiabá

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