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Internacional
Sexta - 16 de Fevereiro de 2007 às 14:25

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Um juiz italiano determinou que 26 cidadãos americanos, a maioria deles agentes da CIA, devem ir a julgamento pelo seqüestro de um clérigo muçulmano em Milão em 2003.

O clérigo Osama Mustafa Hassan teria sido capturado por funcionários da agência de inteligência americana na Itália, em fevereiro de 2003, e levado para o Egito, onde diz ter sido torturado até ser solto no último domingo.

Cinco agentes italianos que teriam ajudado na operação também foram indiciados pelo juiz, incluindo o ex-chefe do serviço militar de informações Nicolo Pollari, que já havia sido removido do posto por ter sido implicado em um inquérito parlamentar.

Este deverá ser o primeiro julgamento relacionado à polêmica política americana, chamada de "rendições extraordinárias", de transferir suspeitos de "terrorismo" para países onde, supostamente, poderiam ser vítimas de tortura.

Espancamento e choques

Segundo a promotoria, com a ajuda dos agentes italianos, uma equipe liderada pela CIA capturou Hassan, também conhecido como Abu Omar, em uma rua em Milão, forçou-o a entrar em uma van e o levou a uma base militar no norte da Itália.

De lá, ele teria sido levado, via Alemanha, para o Egito, onde diz ter sofrido tortura com choques elétrico, espancamento e ameaças de estupro.

Hassan diz que foi torturado nos quase quatro anos que passou em uma prisão do Cairo, de onde saiu apenas no último domingo.

A maioria dos americanos indiciados pelo juiz já deixou a Itália e o governo italiano terá agora de decidir se vai pedir a sua extradição.

Entre os que já voltaram para os Estados Unidos, estaria o ex-chefe das operações da CIA em Milão, Robert Seldo Lady, que alega que era contra o seqüestro do religioso, mas foi voto vencido pelos seus superiores.

O advogado de Hassan diz que ele quer voltar a Milão para testemunhar no julgamento, que deverá começar no dia 8 de junho.

Em um relatório aprovado pelo Parlamento Europeu na quarta-feira, os países da União Européia foram condenados por serem "coniventes" com vôos secretos organizados pela CIA no espaço aéreo do bloco, como o que teria levado Hassan para o Egito.

O documento, resultado de um ano de investigação, diz que os Estados Unidos operaram na região 1,2 mil vôos em que suspeitos de práticas extremistas teriam sido levados a prisões em países onde, supostamente, poderiam ser vítimas de tortura.

Grã-Bretanha, Alemanha e Itália são alguns dos países que, segundo o relatório, teriam permitido a passagem dos vôos em que suspeitos teriam sido transportados ilegalmente.





Fonte: BBC Brasil

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