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Nacional
Sexta - 16 de Fevereiro de 2007 às 05:19

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Cinco meses depois do início da crise na aviação, a Aeronáutica temia ontem uma radicalização da mobilização dos controladores de vôo e novo apagão nos aeroportos no feriado do carnaval. O presidente do sindicato dos operadores civis do Rio, Jorge Botelho, disse que há “insatisfação generalizada” na categoria e afirmou que, a partir de hoje, há risco de problemas nas centrais de Brasília (Cindacta-1, que monitora 85% da aviação regular do País, cerca de 3 mil vôos diários) e Curitiba (Cindacta-2) e nos controles regionais do Rio e Salvador. O porcentual de vôos com pelo menos meia hora de atraso chegou a 30% no início da noite de ontem, índice superior ao normal para vésperas de feriado.

O deputado Alberto Fraga (PFL-DF), que se reuniu ontem com controladores, informou que eles estão dispostos a fazer operação-padrão - trabalhar observando os procedimentos de segurança com rigor extremo, monitorando, no máximo, 14 vôos simultaneamente. Com isso, atrasos serão inevitáveis. “Se preparem, o carnaval pode ser um transtorno violento. Vai ser o apagão total e ninguém conseguirá viajar”, disse Fraga, na Câmara.

Setores do governo apostam que a ameaça é um blefe promovido por controladores interessados em desmilitarizar o setor - na quarta-feira, o governo adiou em um mês a definição dessa questão. Em nota, o comando da Aeronáutica afirmou que “está atento ao incremento de movimento de aeronaves no carnaval e tem se preparado de modo a permitir que o controle de tráfego aéreo seja adequado a essa situação”. Para dar conta do aumento de demanda, a Aeronáutica convocou todos os operadores ao trabalho, mesmo os que tinham folga programada, o que aumentou a insatisfação na categoria. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), esse ajuste da quantidade de tráfego à de controladores “tem acontecido diariamente” e proporcionado um serviço seguro.

À noite, controladores de Brasília informaram ao jornal O Estado de S. Paulo que as retenções de vôo estavam aumentando, por causa do tráfego aéreo pesado. O balanço da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) mostrou que o índice de atrasos cresceu durante o dia. Até as 18 horas, era de 26,5%. Por meio de sua assessoria, a Infraero explicou que uma média de atrasos de até 20% dos vôos programados é “suportável” em dias que antecedem feriados.

“Não precisa fazer nada para ter atraso no carnaval. O sistema apresenta problemas sozinho e não agüenta o aumento de vôos nos feriados porque não tem pessoal suficiente para operá-los, os radares estão sempre com restrições de operação e as freqüências usadas na comunicação por rádio entre controlador e piloto continuam falhando”, disse Botelho. “Se chover, pior ainda.”

Segundo fontes ligadas a empresas aéreas, os controladores já definiram até a tática a ser utilizada para pressionar o governo no feriado: desfalcar equipes, arrumando justificativas para faltar ao trabalho. Outras pessoas do setor ouvidas ontem afirmaram que os controladores pretendem concentrar a operação-padrão na volta do feriado.

O diretor da Associação Brasileira de Controle do Tráfego Aéreo, Ulysses Fontenele, disse que “a paciência do pessoal está se esgotando” e não sabe se conseguirá segurar os mais radicais. “Estamos preocupados também com quem não é filiado a nada”, afirmou, temendo ações isoladas.





Fonte: AE

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