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Nacional
Sexta - 16 de Fevereiro de 2007 às 01:24

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O acordo entre Brasil e Bolívia pode ter um impacto de até 10% no preço final do gás natural importado do país vizinho, estima o consultor Marco Tavares, da Gas Energy. O valor foi calculado com base nas cotações internacionais do propano e do butano, que são extraídos junto ao gás boliviano e servem de matéria-prima para a produção de gás de cozinha (GLP).

Tavares explicou que a Petrobras somente poderá absorver, sem prejuízo, o aumento, caso invista em uma unidade para separar os componentes e produzir o GLP, ou seja, se construir uma pequena refinaria com este fim. Do contrário, para não perder receita, a estatal teria de repassar a alta de custos ao consumidor final. Para o consultor, também é factível o reajuste de 6% anunciado pelo governo. Mas, neste caso, o aumento não estará totalmente vinculado às cotações internacionais.

Os contratos de exportação de gás boliviano referem-se basicamente ao metano, gás mais “pobre” usado para geração de energia em usinas e indústrias. Este gás, porém vem associado a produtos mais valorizados no mercado. Propano e butano estão cotados no mercado internacional a US$ 12 por milhão de BTU (unidade britânica de medida do poder energético de um combustível), quase três vezes mais do que os US$ 4,20 pagos pela Petrobras pelo produto importado da Bolívia.

A separação das frações mais nobres do gás natural, como o butano, é reivindicação antiga do governo boliviano. No fim da década de 90, La Paz conseguiu um acordo semelhante com a Argentina, que também pagava o mesmo preço pelo metano e pelas chamadas “partes ricas”. Na época das assinaturas dos contratos de exportação para Brasil e Argentina, não havia tecnologia nem volume de gás suficientes no Cone Sul que justificassem a construção de unidades de separação dos diversos hidrocarbonetos extraídos junto ao gás natural.

Para Tavares, a estatal pode chegar a reverter a situação que hoje lhe é desfavorável. “Se a Petrobras for produzir GLP com as frações nobres, poderá até ganhar dinheiro.” Em nota, a Petrobras informou que “estudará a melhor forma de aproveitar no futuro esses componentes mais nobres do gás”.

Repercussão

Para analistas, a solução foi melhor do que uma alta generalizada para US$ 5 por milhão de BTU, conforme pediam os bolivianos. Durante a tarde, porém, o clima foi de apreensão com a falta de explicações mais detalhadas sobre o acordo.

Houve reclamações dos dois lados da fronteira. “É pouco, se compararmos à expectativa criada pelo presidente Evo Morales em torno do reajuste”, disse o analista político Gonzalo Chávez, da Universidade Católica Boliviana, de La Paz.





Fonte: AE

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