ONU renova mandato de missão no Haiti
Com um contingente militar de 6,8 mil homens liderado pelo Brasil, a Minustah (Missão de Estabilização da ONU no Haiti, na sigla em francês) chegou ao país em julho de 2004, logo após a revolta popular que levou à queda do então presidente Jean-Bertrand Aristide.
Desde então, o mandato da missão tem sido sucessivamente estendido, apesar de pressões de parte da oposição haitiana pela retirada dos militares e de divergências dentro da própria ONU.
A China, como membro permanente do Conselho de Segurança, defendia um mandato mais curto, de apenas seis meses, supostamente em protesto ao apoio do governo haitiano a Taiwan.
Taiwan se considera independente da China, mas Pequim considera a ilha parte do seu território. O Haiti é um dos poucos países que mantêm relações diplomáticas com Taiwan.
Meio termo
A opção por oito meses teria sido um meio termo entre o desejo chinês e o da própria secretaria-geral da ONU, que, em dezembro, recomendou uma extensão de um ano - idéia também defendida pelo grupo Amigos do Haiti, composto por Brasil, Estados Unidos, Canadá, França e Grã-Bretanha.
"Nós concordamos com oito meses no interesse de continuar a presença (no Haiti), mas nós apoiamos a posição dos Amigos do Haiti de (estender a missão por) 12 meses", afirmou o vice-porta-voz dos EUA na ONU, Ben Chang, antes da votação, segundo a agência de notícias Associated Press.
O texto aprovado pelo Conselho pede que a força da ONU, comandada pelo general brasileiro Alberto dos Santos Cruz, mantenha "o ritmo acelerado das operações, especialmente em Porto Príncipe".
Desde que Santos assumiu o cargo, em janeiro, as tropas da Minustah têm intensificado suas ações em Cité Soleil, área de 250 mil habitantes considerada reduto das gangues armadas mais atuantes da capital haitiana.
Cité Soleil foi sempre considerada uma região difícil para ações militares devido à grande densidade demográfica e à dificuldade de distinguir civis de integrantes de gangues responsáveis por seqüestros e outros crimes.
A resolução também pede que a força da ONU acelere os esforços para reduzir a violência em parceria com o governo haitiano.
Com 1,2 mil homens, o Brasil é o país com o maior número de tropas na Minustah, que conta com 8,8 mil policiais e militares de cerca de 20 países.
Comentários