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Nacional
Quinta - 15 de Fevereiro de 2007 às 08:29
Por: Onofre Ribeiro

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A situação da violência no país e a saturação que se atingiu pelo episódio da morte do menino João Hélio, no Rio de Janeiro, lembra muito o começo da primeira guerra mundial – 1914-1918. Conhecida também como a última guerra feudal, ela demarcaria a história humana definitivamente.

Foi uma guerra entre quatro impérios da época: a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917)) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano). A guerra causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente. Vale recordar um pouco, para justificar a semelhança entre a guerra e a violência atual no Brasil.

O mundo do começo do século 20 tinha no carvão e no vapor a sua fonte de energia. A revolução industrial que começara na segunda metade do século 19, pedia mais e mais energia, mais portos, mais ferrovias, mais minas de carvão e mais alianças para os países vencerem o desafio da insegurança histórica em que estava mergulhada a Europa. E mais: precisavam de mercados para seus produtos. Assim, países adversários entre si e amigos intercalados, fizeram alianças que não fechavam numa perigosa rede político-econômica.

A insegurança era imensa e um fato aparentemente solto, destravou a crise e deu início à primeira guerra mundial. Em Serajevo, nos bálcãs, o herdeiro do Império Austro-Húngaro foi assassinato durante visita, e a partir daí desencadeou-se a guerra com os outros três impérios.

Assim está no Brasil. A violência veio crescendo e em abril de 2006 tomou conta do país no episódio dos ataques do PCC em São Paulo. Foi um alerta, mas nem o governo estadual, o federal e muito menos o Congresso Nacional ou o Poder Judiciário foram capazes de decodificar o sinal vermelho. Os ataques subiram e desceram ao gosto do PCC. As eleições de 2006 não tocaram substancialmente no assunto segurança pública. Em 2006, no final do ano e no começo de 2007, foi no Rio de Janeiro que a guerrilha urbana mostrou a sua cara. Agressiva, semi-organizada e bastante militarizada.

As tropas da segurança nacional pouco ou nada fizeram porque é muito complexo tudo o que rola nas duas metrópoles mais importantes do país.

Contudo, a indignação social no país nunca apareceu claramente porque falta organização à sociedade. Mas a morte brutal do menino João Hélio acordou os sonolentos governos do Rio de Janeiro, o governo federal, o Congresso Nacional e o Judiciário.

Como no atentado ao herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, parece que essa morte entronizou o menino João Hélio como o mártir da insegurança. Pode ser a gota d´água e o começo de uma efetiva tomada de posição público-governamental e da sociedade para corrigir as mazelas que deram origens a episódios como os do PCC, os da guerrilha urbana no Rio de Janeiro e à morte de um menino quase anônimo.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br





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