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Nacional
Quinta - 15 de Fevereiro de 2007 às 02:40
Por: Guido Nejamkis

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O Brasil pagará mais pelo gás natural que importa da Bolívia, atendendo a reclamação do governo do presidente boliviano, Evo Morales, de aumentar o preço do principal produto de exportação do país.

O valor do gás foi motivo de longas negociações na quarta-feira em Brasília entre Morales e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, das quais também participaram ministros dos dois países.

Na noite de quarta-feira, o ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, informou em nota divulgada em La Paz que chegou-se a um acordo para um aumento substancial no preço do gás que a Bolívia exporta para Cuiabá, capital do Mato Grosso.

Mais tarde, o assessor para assuntos externos da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, anunciou um acordo "amplo", que inclui o gás que a Bolívia exporta para São Paulo por meio de um longo gasoduto operado pela Petrobras .

Os termos desse acordo serão anunciados por Lula e Morales na manhã de quinta-feira, o que obrigou o presidente boliviano a prorrogar sua visita ao Brasil, inicialmente programada para acabar na tarde de quarta-feira.

"A Bolívia conseguiu hoje (quarta-feira) no Brasil aumentar o preço de venda do gás a Cuiabá de 1,09 dólar por milhão de BTU (unidades térmicas britânicas), para 4,20 dólares por milhão de BTU, o que significa um aumento de mais de 285 por cento no preço", informou Villegas.

Com o aumento do preço do gás o governo boliviano conseguirá uma receita adicional de 44,86 milhões de dólares.

Garcia disse a jornalistas que o acordo com os bolivianos também inclui o preço do gás vendido a São Paulo. "Há duas dimensões de acordo. O acordo de Cuiabá e a questão mais geral de relacionamento gasífero. Há um acordo, ao qual se chegou depois de complexas negociações e de encontrar uma fórmula técnica que consagrasse o respeito aos contratos", disse.

Um funcionário do governo brasileiro disse à Reuters, sob condição de anonimato, que o acordo inclui a atualização do preço do gás que a Bolívia exporta para São Paulo, embora a atual fórmula de reajuste trimestral do produto, feita segundo a variação de uma cesta de tipos de petróleo negociada no mercado internacional, será mantida.

O gás da Bolívia que chega a Cuiabá representa uma porcentagem mínima das importações brasileiras de gás boliviano: 1,2 milhão de metros cúbicos diários. O produto abastece a termelétrica Governador Mario Covas, operada por uma empresa privada.

Para São Paulo, a Bolívia envia até 30 milhões de metros cúbicos diários, pelos quais a Petrobras paga 4 dólares por milhão de BTU.

Para essas exportações a Bolívia pede um aumento que eleve o preço para 5 dólares por milhão de BTU, preço similar aceito pela Argentina em outubro.

LONGAS NEGOCIAÇÕES

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse mais cedo que o tema do gás era o centro das conversações de Morales e seus ministros no país, que avançaram até altas horas da noite.

Além do gás, os presidentes e seus assessores conversaram sobre o tráfico de drogas da Bolívia para o Brasil, além de parcerias para combate à febre aftosa em território boliviano e possíveis novos investimentos brasileiros no país vizinho.

A Petrobras vinha negociando o preço do gás com a estatal boliviana YPFB desde maio, quando Morales anunciou a nacionalização do setor e pediu aumento nos preços do produto exportado ao Brasil.

A estatal brasileira disse recentemente que não modificaria a política de ajuste do gás que leva a São Paulo e que foi acordada em um contrato com vencimento em 2019.

Morales chegou a Brasília pela manhã acompanhado de Villegas e do ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca.

(Reportagem adicional de Carlos Alberto Quiroga em La Paz)




Fonte: Reuters

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