Preço do gás para Cuiabá causa entrave diplomático entre Brasil e Bolívia
"Até o momento não está definida a viagem do presidente Evo Morales, que depende ainda de uma última reunião de avaliação mantida com o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, e o presidente (da estatal petroleira) YPFB, Manuel Morales", afirmou o porta-voz de Governo, Álex Contreras. O funcionário afirmou que La Paz ainda está consultando Brasília se o pedido do governo boliviano de elevar o preço do gás de exportação fará parte da agenda de reunião e a definição final será feita nas próximas horas.
A Bolívia tem expressado reiteradamente seu desejo de elevar o preço do milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica) a 5 dólares, apesar da ministra-chefe do gabinete brasileiro, Dilma Rousseff, negar que o preço do gás esteja defasado em relação ao mercado.
O gás que vem para a Cuiabá é vendido por US$ 1 por BTU. O comprador não é a Petrobras, mas a empresa Pantanal Energia, que opera usinas termoelétricas na região. O presidente da Pantanal, Sérgio Gabrielli, viajou para Houston, nos Estados Unidos, na segunda-feira à noite para participar de uma feira. Ele estará na quarta-feira de volta a Brasília e ficará à disposição se o presidente Lula considerar necessária sua presença na reunião.
No domingo, o próprio Morales disse em entrevista coletiva no palácio presidencial que as discussões técnicas sobre o preço do gás estavam concluídas e que uma definição agora estava nas mãos do presidente Lula. Ele voltou a afirmar que a Bolívia não vai "subvencionar" o gás para o Brasil. "Respeitamos a liderança regional do Brasil, seu desenvolvimento e sua indústria, mas do nosso ponto de vista não podemos seguir subvencionando o gás, especialmente o da zona de Cuiabá", afirmou.
O Itamaraty classificou de "infantilidade" e de "amadorismo" a ameaça do presidente da Bolívia, Evo Morales, de cancelar na última hora sua visita oficial ao Brasil marcada para amanhã. A decisão do governo é de ignorar a ameaça, pois, se Morales não vier, quem mais perde é a Bolívia, não o Brasil. Todos os preparativos para a visita continuam, com previsão de encontro dos dois presidentes, reunião ampliada das equipes e almoço no Itamaraty para dezenas de talheres, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler Celso Amorim terem acertado que não cederão a ameaças para acertar de véspera o preço do gás boliviano.
Comentários