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Economia
Quinta - 28 de Março de 2013 às 22:57
Por: ANDERSON FIGO

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O prejuízo de R$ 10,5 bilhões da Eletrobras entre outubro e dezembro de 2012 foi o maior já registrado por uma empresa de capital aberto no Brasil durante um trimestre, segundo estudo da Economatica divulgado nesta quinta-feira (28).

O levantamento analisou os prejuízos trimestrais de todas as empresas de capital aberto brasileiras desde 1986, disponibilizados na base de dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Os dados são originais, sem desconto ou ajuste.

De acordo com a Economatica, o segundo maior prejuízo trimestral já registrado por uma empresa de capital aberto no país desde 1986 foi de R$ 7,43 bilhões, atingido pelo Banco Nacional entre outubro e dezembro de 1995. Em terceiro lugar, fica a perda de R$ 6,18 bilhões do Banco do Brasil no segundo trimestre de 1996.

A companhia diz que o prejuízo deve-se aos efeitos da lei de redução das tarifas de energia elétrica, que comprometeram os ganhos da estatal responsável pela maior parte do parque gerador de energia do país. No acumulado em 2012, a empresa apresentou prejuízo de R$ 6,8 bilhões, o maior da sua história.

Segundo comunicado, a nova lei, que determina a redução na cobrança de energia elétrica, causou um efeito negativo de R$ 10 bilhões para o caixa da Eletrobras.

Sem esse efeito, a empresa afirma que seria registrado lucro antes do pagamento de impostos de R$ 5,5 bilhões em 2012.

MEDIDAS

"O resultado foi fortemente impactado pela lei e interrompeu sucessivos anos positivos da companhia, que em 2011 lucrou R$ 3,7 bilhões", lembra Pedro Galdi. "Mas as medidas que foram anunciadas pela empresa são bastante positivas", completou.

Para amenizar o impacto negativo da redução da tarifa de energia cobrada, a Eletrobras pretende concluir em 90 dias os estudos das alternativas para a reestruturação do negócio de distribuição.

A estatal está analisando a possibilidade de venda de ativos de distribuição para se enquadrar na nova realidade de operação, após a perda de receita e de caixa, provocada pela prorrogação onerosa das concessões.

Além disso, a companhia prevê investir R$ 52,4 bilhões até 2017 nos negócios de geração, transmissão e distribuição.

"O mercado recebe com ânimo essa notícia porque havia um receio grande de diminuição dos investimentos após a lei de redução da tarifa. Com essas aplicações, a empresa deve melhorar e ampliar suas operações, amenizando a perda financeira", disse Galdi.

As promessas de reestruturação e investimento da companhia animaram os investidores e a ação mais negociada da Eletrobras chegou a subir quase 17% na Bolsa brasileira nesta tarde. Às 15h10 (horário de Brasília), os papéis tinham alta de 14,45%, para R$ 12,51 cada.

INVESTIDOR: O QUE FAZER?

Segundo especialistas, o pequeno investidor deve ficar atento aos detalhes do anúncio da empresa e não deve agir com a emoção, comprando ou vendendo ações da companhia só porque todos estão fazendo o mesmo.

"O movimento de curtíssimo prazo reflete apenas oferta e demanda. É igual a comprar um apartamento na planta. Você compra um projeto, se ele vai ser entregue ou não é outro caso", afirmou o educador financeiro Mauro Calil, da Academia do Dinheiro.

Calil recomenda que o pequeno investidor avalie o histórico de promessas da empresa. "Ela já prometeu mais coisas no passado. Tem que ver se essas promessas foram cumpridas ou não. Se nem todas foram, será que é o caso de acreditar na empresa agora?."

O educador financeiro também recomenda que os pequenos investidores considerem o fato de que empresas estatais normalmente sofrem "ingerência política."

Segundo Calil, "essas empresas podem correr risco menor de "quebra", por que são garantidas pelo governo, mas podem ser sacrificadas por ele [o governo] durante a condução de medidas para ajudar a economia do país. A própria redução na tarifa de energia é um exemplo disso."






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