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Há "incerteza" sobre reação da inflação à alta dos juros, diz BC
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, declarou nesta terça-feira (10) que há "alguma incerteza" sobre a intensidade de recuo da inflação frente aos aumentos da taxa básica de juros promovidos nos últimos meses.
"Naturalmente, essa incerteza pode aumentar em ambientes como o atual, onde a volatilidade do mercado financeiro tem sido ampliada pela forte inclinação da curva de juros das economias maduras", declarou o presidente do Banco Central durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
Os juros são um dos mecanismos de controle da inflação que o governo tem. Ao aumentar a taxa, o governo torna o dinheiro "mais caro", e portanto reduz a quantidade disponível. Com menos dinheiro, as pessoas e empresas compram menos, o que contribui para conter a alta de preços.
O Banco Central vem subindo os juros básicos da economia desde abril deste ano. Foram seis elevações consecutivas na taxa Selic, que passou de 7,25% ao ano (mínima histórica), em abril, para 10% ao ano em novembro. Uma alta de 2,75 pontos percentuais em 2013.
A expectativa do mercado financeiro é de um novo aumento, agora de 0,25 ponto percentual (menor do que o de 0,5 ponto realizado em novembro), no mês de janeiro, quando a taxa subiria, então, para 10,25% ao ano.
Retirada de estímulos nos EUA
Na avaliação do presidente do Banco Central, quanto mais cedo se iniciar a retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos, e quanto mais previsível for sua intensidade, menor sera a voltailidade dos merdados e, consequentemente, "mais suave será o periodo de transição da economia global".
Alexandre Tombini lembrou que, desde o final de agosto deste ano, a autoridade monetária tem ofertado "hedge" (proteção contra a alta do dólar, por meio de leilões de contratos de "swap cambial", que equivalem à venda de dólares no mercado futuro), além de liquidez ao mercado de cambio à vista por meio de leições diários.
"O BC não sairá de cena neste mercado. Com alguns ajustes, estenderá o programa de oferta de proteção cambial [em 2014]", afirmou Tombini. Segundo ele, o BC ainda está refletindo sobre essa questão. "Posso antecipar que, mais para o final da próxima semana, vamos detalhar esse procedimento", acrescentou.
Crescimento econômico
O presidente do BC também analisou que, no campo doméstico, o crescimento da economia continua a se materializar de forma gradual, mesmo com retração de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) registrado no terceiro trimestre deste ano.
"O desemprego permanece em níveis historicamente baixos e há geração de novos postos de trabalho. O crédito continua se expandindo de forma sustentável, com um ritmo um pouco menor do que o passado recente. E também há redução da inadimplência e do comprometimento da renda. Pelo lado da oferta, a indústria e os serviços continuam crescendo gradualmente. A formação bruta de capital fixo [investimentos] subiu 6,5% neste ano. O setor agrícola renovará o recorde em 2013 e as perspectivas para 2014 continuam boas", declarou ele.
Alexandre Tombini acrescentou, entretanto, que a "consolidação do crescimento" para os próximos semestres, em bases sustentadas, depende ainda do "fortalecimento da confiança das familias e empresários, que já mostra alguma recuperação".
Segundo ele, os leilões de concessões, realizados neste ano pelo governo, em rodovias, aeroportos, por exemplo, mostram que há "forte interesse por estas oportunidades, inclusive por investidores estrangeiros".
"Demonstra a atratividade da economia. O sucesso destes leilões tem potencial de criar nova dinâmica para o investimento privado no Brasil. As empresas que tomarem parte nos estágios iniciais tenderão a se estabelecer em condições vantajosas. A confiança é fundamental para consolidação do crescimento em bases sustentáveis", concluiu.
Fonte:
Do G1, em Brasília
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