Ruas e pontes viram casas para "excluídos" em Rondonópolis
Segundo a secretária Municipal da Ação Social, Rose Sachetti, a Secretaria identificou, recentemente, pelo menos 20 pessoas morando embaixo das pontes sobre o Ribeirão Arareau e sobre o Rio Vermelho. Quando identificadas as famílias são encaminhadas para os programas habitacionais do Município, no entanto, “infelizmente não há casa para atender todos que precisam, mesmo porque quando retiramos uma família que vivia debaixo da ponte outra passa a morar no local”.
Além de visitas feitas pelas assistentes sociais da Secretaria, as famílias contam com acompanhamento da Defesa Civil Municipal, que realizou um levantamento das pessoas que moram em áreas de risco e identificou cerca de duas mil famílias vivendo nessas condições, às margens dos rios, debaixo das pontes e em áreas de erosão.
Quando há crianças vivendo nesses locais, a Ação Social trabalha em parceria com o Conselho Tutelar. Mesmo assim, nem sempre é fácil solucionar o problema. “Apesar de saberem que vivem em uma área de risco, algumas famílias optam por ficar nesses locais”, afirmou a secretária.
Assim como as pessoas que moram em áreas de risco, resolver o problema dos moradores de rua é outro desafio. Conforme Rose, a falta de um projeto do Poder Público que reintegre o morador de rua à família e a sociedade faz com que as medidas tornem-se paliativas.
A intenção é criar um programa específico, que realmente reintegre essas pessoas. “O problema não é simples e, na maior parte dos casos, envolve alcoolismo e dependência química”, ressaltou a secretária.
De acordo com Rose, enviar simplesmente o morador de rua de volta a sua cidade natal é uma medida temporária que não resolve a situação. “Se a pessoa for alcoolista ou tiver envolvimento com drogas, ela voltará para as ruas. Nesses casos torna-se necessário um tratamento, que nem sempre é aceito pela pessoa”, explicou Rose.
Com isso, a presença dos moradores de rua, principalmente, na região central da cidade é constante. Alguns vivem nas ruas há mais de vinte anos e iniciar um novo processo de vida, voltando ao convívio da sociedade e da família é um passo difícil. Para a vice-presidente da Casa Esperança, Abadia Rosa Miranda, os moradores de rua perdem os vínculos sociais e têm grande dificuldade em voltar para as famílias, se reintegrar à sociedade e se inserir novamente no mercado de trabalho.
Esse processo de reinserção, segundo Abadia, pode ser demorado e Rondonópolis não possui estrutura adequada para solucionar esse problema social.
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