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Nacional
Segunda - 12 de Fevereiro de 2007 às 04:57

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Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, Rosa Fernandes, mãe de João Hélio Fernandes, de 6 anos, disse que pediu duas vezes aos bandidos que roubaram seu Corsa, na quarta-feira à noite, no Rio de Janeiro, para que a deixassem soltar o menino do cinto de segurança do carro. Um dos dois ladrões a xingou: “Não, sua vagabunda, anda logo.” E arrancou com o veículo, arrastando o menino por 7 quilômetros.

A entrevista de Rosa e do marido, Elson Vieites, foi exibida ontem à noite. A irmã de João, Aline, de 14 anos, não participou da entrevista, mas escreveu uma carta pedindo adesão a um abaixo-assinado pela redução da maioridade penal - um dos cinco acusados do crime tem 16 anos. A mãe reforçou o apelo por mudanças na lei, pedindo aos governantes que aprovem a ampliação do prazo de internação de jovens infratores, hoje de 3 anos, e permitam a Estados violentos como o Rio adotar leis próprias contra a criminalidade. Veja trechos da entrevista:

Desespero

Rosa: “O sinal estava fechado, dois homens... eles correram e foram para cima dos carros. Na mesma hora que eles entraram nos carros, dois de trás já saíram armados para cima da gente. Aí eles falaram: "Sai, sai sua vagabunda, sai.” Eu pedi: "Deixa eu tirar meu filho, sai, Aline, sai, tira o seu irmão." Puxei ele. Eu falei: "O cinto está aqui, calma que eu vou tirar, calma, calma." Ele: "Não, sua vagabunda, anda logo." Bateu a porta e arrancou. Eu tentei levantar o cinto, mas não consegui, porque ele arrancou.”

Reação

Rosa: “Só quis o meu filho. Eu queria meu filho. Quando vi que ele foi arrastado, eu sabia que não tinha como corrigir àquilo, como livrar ele da morte.”

Revolta

Rosa: “Surge uma revolta, sim, porque vejo que não são todas as pessoas que têm uma alma boa, que têm amor no coração. Tem pessoas duras, que não têm coração, que têm uma pedra no lugar do coração.”

João e Aline

Rosa: “A Aline está péssima. Todos estamos péssimos. Ela está num momento assim, adolescente, e passou por um ato bárbaro. Ela viu como eu vi, o João sendo arrastado, e a gente não podia fazer nada. Não sei como que pode ficar a cabeça dela.”

Rosa: “João era uma criança alegre, brincalhona, falava muitas coisas engraçadas, a gente sempre ria. E agora... ficou um vazio. Na casa do meu cunhado tem crianças, ele tem 3 filhos. Eu fico pensando, meu menino aqui, brincando, cadê ele?”

Mudança no País

Elson: “Não queria que a morte dele ficasse em vão. Que tudo que vem acontecendo servisse para marcar uma fase de mudança no nosso País. As pessoas não podem sofrer como a gente está sofrendo.”

Apelo

Trechos da carta de Aline Fernandes, irmã de João Hélio:

“Socorro! Cadê a justiça? Ele é menor? Eu sei. Eu também sou, e meu bebê também era. Na hora que esse ‘menor’ apontou a arma pra minha cabeça e arrastou meu bebê até a morte, ele foi muito adulto. Agora é muito fácil pra ele ser tratado como uma criança, quando na verdade ele foi um monstro cruel e sem coração. Ele deve ser tratado como adulto! (...)

Tenho 14 anos e estou péssima. Minha família está sem chão, o Rio, emocionado e o Brasil, revoltado. Se essa não é a hora da mudança, quando será? Quando acontecer novamente? Quando mais uma vida for tirada por um homem de 16 anos? E o pior é que ele só vai passar 3 anos dentro de um centro de recuperação.(...)

O presidente e outros políticos, que não estão de acordo, das duas, uma: ou eles não têm filhos, ou eles não têm alma. Eles andam cercados de seguranças e permitem que esses crimes aconteçam. (...)

Brasília, acorda!!! O principal assassino, Diego, disse que não sabe o que é sentir a perda de um filho porque não tem um, mas, além de não ter filho, não tem coração. O Brasil está em fúria, pena de morte não resolve, eu desejo Justiça rigorosa e para os políticos peço consciência, que é hora de mudar.

Ao pai de Diego, eu agradeço de todo o meu coração, porque ele, sim, é um cidadão de bem, que teve uma atitude corajosa e digna de um ser humano. (...)

Peço a colaboração de todo o Brasil para que assinem o abaixo-assinado para a redução da maioridade penal e que participem da comunidade do Orkut: Joãozinho pede Justiça. Conto com a ajuda de todos.





Fonte: AE

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