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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Sábado - 10 de Fevereiro de 2007 às 13:16

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A Fazenda da Esperança em Pedrinhas, que receberá a visita de Bento XVI em 12 de maio. Foto: Isabela Noronha/G1As obras já começaram, mas a Fazenda da Esperança em Pedrinhas, a 15 km do Centro de Guaratinguetá, a 176 km de São Paulo, ainda não conseguiu arrecadar os R$ 2 milhões que, segundo estima o frei alemão Hans Stapel, fundador e responsável pela fazenda, serão gastos nas construções para receber a visita de Bento XVI, em 12 de maio deste ano.

“Começamos a fazer tudo na fé, porque não temos nem tempo para pensar. Mas depois vêm as notas e a gente tem que pagar”, diz frei Hans. Para receber o papa, a unidade em Pedrinhas ganhará um heliponto, um palco, novas casas para hospedar os bispos e uma igreja. A expectativa é de que 10 mil pessoas estejam na fazenda na ocasião.

O orçamento das obras na unidade em Pedrinhas é quatro vezes maior do que a cidade de Guaratinguetá espera gastar para a data. “A previsão é que gastemos R$ 500 mil”, diz o secretário de Turismo, Nelson Baracho dos Santos. Entre as mudanças previstas estão a melhoria na sinalização do município e o treinamento de 30 monitores de turismo.

Até o início de fevereiro, 40% dos quartos de hotel de Guaratinguetá já estavam reservados para a data da visita de Bento XVI. A ocupação é modesta perto dos 100% registrados pela vizinha Aparecida, a 10 minutos de distância, onde Bento XVI ficará hospedado por dois dias e rezará uma missa ao ar livre no domingo, 13 de maio. Mas as perspectivas, segundo o secretário de turismo, são otimistas: “Me lembro na outra vinda do outro Papa que a cidade aqui ficou completamente lotada”.

Visita

O frei alemão Hans Stapel, fundador da Fazenda da Esperança. Foto: Isabela Noronha/G1A visita do pontífice à Fazenda da Esperança em Pedrinhas foi confirmada oficialmente em dezembro de 2006. Mas muito antes disso, em maio, o frei tinha ouvido, em alemão, do próprio Bento XVI, a resposta a seu convite, feito em uma audiência privada antes do lançamento da primeira encíclica. “Jawohl”, em português, “com certeza” disse o papa, depois que Frei Hans fez a descrição da obra e pediu que o papa fosse vê-la de perto.

Desde então, o frei trabalhou para que a promessa do Papa se cumprisse. Ele pediu aos bispos que conheciam a fazenda escrevessem ao pontífice, falando sobre o centro. Oitenta deles atenderam ao pedido. Mas não se tratava de um trabalho de convencimento, garante frei. “É o seguinte: quando a gente quer uma coisa do papa, precisa entender quem você é e quem é o papa. Eu sou nada, sou um frade. Então, como vou chegar lá? Precisa pedir apoio daqueles que fazem parte da estrutura da Igreja, os bispos”, explica.

Frei Hans também escreveu a sua carta e a juntou às outras. Depois, enviou o “malote”. “É claro que ele (Bento XVI) valoriza receber uma manifestação de tantos bispos do Brasil. Não é uma idéia de um frade só, mas é uma expressão de uma Igreja através dos bispos, de querer que o papa afirme, com a visita, o compromisso que a Igreja tem com o social, o excluído”, diz.

Fazenda

O russo Alexander Mordashova, um dos recuperandos. Foto: Isabela Noronha/G1A Fazenda da Esperança foi fundada em 1983, em Guaratinguetá, para auxiliar na recuperação de dependentes químicos de todas as idades. Hoje, existem 42 centros masculinos e femininos construídos à imagem da fazenda, a maior parte deles no Brasil. No exterior, há duas fazendas na Alemanha, uma no Paraguai, uma nas Filipinas, uma no México, uma na Guatemala, uma na Rússia, uma na Argentina e uma África.

Os recuperandos – como são chamados aqueles que aderem ao programa de recuperação da fazenda – têm de ir por vontade própria. É possível passar um tempo em fazendas de outros estados e até de países diferentes.

Nos centros brasileiros, há mexicanos, alemães, suíços argentinos e belgas. Mas a maioria dos estrangeiros é de russos: 34. Eles vêm por uma indicação de uma clínica de Moscou.

O cristão ortodoxo Alexander Mordashova, de 35 anos, e sua mulher estão há um ano e meio em Guaratinguetá, ele no centro masculino e ela, no feminino. Os dois, que já são casados no civil, pretendem celebrar a união com uma cerimônia religiosa na fazenda. “O frei prometeu construir uma capela ortodoxa em Pedrinhas”, diz Alexander, em português. Mas além disso, há outro desejo: retomar a vida sem as drogas. “Quero viver uma vida normal agora. Não quero usar drogas, quero estar com Deus”.

Jovens

A capela da fazenda. "A Igreja precisa dos jovens", diz Frei Hans. Foto: Isabela Noronha/G1Para se tornar um recuperando na Fazenda da Esperança, não é preciso ser católico, sequer precisa-se acreditar em Deus. Mas orações diárias em grupo, pelo menos uma vez ao dia, fazem parte da rotina seguida como cartilha pelos dependentes que pretendem se curar seguindo o programa da fazenda.

“Hoje se vê muitos jovens que voltam para essa radicalidade da vivência do evangelho. Eles encontram novamente essa alegria profunda, que Deus dá”, explica frei Hans.

Atualmente, cerca de 1.800 pessoas entre 15 e 60 anos passam por tratamentos das fazendas da esperança, 300 delas só nos três centros estabelecidos Guaratinguetá. O programa de recuperação dura um ano e incluí uma rotina rígida. Nos três primeiros meses, o recuperando não pode ter contato com a família, a não ser por cartas. “Telefone, só em casos especiais”, explica o Padre César Alberto dos Santos, de 34 anos, 15 deles na Fazenda da Esperança.

O uso da internet e da televisão também é limitado. Os recuperandos acordam às 6h e dormem às 22h. Após o café da manhã eles fazem uma oração em grupo. Em seguida, trabalham na manutenção da fazenda e nas pequenas fábricas que ajudam a sustentar o programa. Na unidade de Santa Edwiges, por exemplo, fabrica-se água sanitária. Em Pedrinhas, onde Bento XVI irá em 12 de maio, a produção é de leite e derivados.

A visita de Bento XVI, além de um reconhecimento ao trabalho feito nesses locais, será também mais um encontro do papa com os jovens (a maioria dos recuperandos da fazenda tem entre 20 e 30 anos), em uma expressão de continuidade do trabalho de aproximação que já era feito por João Paulo II.





Fonte: AE

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