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Nacional
Sábado - 10 de Fevereiro de 2007 às 04:20

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Em um inflamado discurso de 30 minutos para uma platéia de 500 dirigentes petistas na noite de sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enquadrou o partido, cobrou apoio ao governo e pediu que seus companheiros parem de brigar entre si, para enfrentar "os verdadeiros inimigos".

"Vamos fazer as nossas disputas, mas não vamos perder de vista quem são os inimigos, ou eles nos destruirão. Nós adoramos atirar em nós mesmos", disse Lula no jantar de comemoração dos 27 anos de fundação do PT.

O presidente disse se sentir constrangido ao abrir os jornais e perceber que "as brigas entre nós têm mais espaço do que as coisas boas que o governo faz".

O PT também abriu em Salvador, na sexta-feira, o seu 3º Encontro Nacional, marcado por acusações entre correntes internas e por críticas de setores do partido à política econômica, especialmente na questão do câmbio e dos juros.

Lula afirmou que muitas críticas dos próprios petistas "acabam contribuindo para que as acusações entre nós sejam mais fortes do que as produzidas numa CPI".

O Diretório Nacional do PT reúne-se no sábado para aprovar um texto sobre a conjuntura política e econômica, que deve conter críticas à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), no mês passado, que reduziu o juro em 0,25 ponto percentual.

O texto deve afirmar que esse corte foi tímido e está "desalinhado" com a expectativa de crescimento gerada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"Ninguém quer baixar os juros mais do que eu. Tem gente que não aceita os resultados da macroeconomia, mas vá perguntar aos economistas do PT se já estivemos numa situação tão favorável", desafiou o presidente.

Ao iniciar seu discurso, Lula fez questão de saudar "o companheiro José Dirceu", que estava em uma das mesas da platéia. O presidente admitiu que o partido cometeu equívocos, ressalvando, no entanto, que "todos cometem erros na face da Terra".

Em seguida, Lula cobrou, sem citar nomes, "vacilações" de dirigentes do PT, que, segundo ele, teriam ocorrido no período em que o partido e o governo mergulharam na crise do mensalão.

"Muitos tremeram e não tomaram as decisões corretas. Quem não tremeu e não vacilou, foi o povo pobre desse País", disse Lula, referindo-se a sua reeleição.

"As vacilações que tivemos entre nós eram porque alguns queriam que fosse verdade que o companheiro tivesse cometido os erros que a imprensa dizia que ele havia cometido", prosseguiu arrancando aplausos da platéia petista.

Ao final do discurso, Lula disse aos membros do partido que o governo "precisa construir maioria para aprovar o PAC e governar o país", defendendo a política de alianças da esquerda com o PMDB e outros partidos.

"Não tem outra saída para mudar o país", afirmou. Antes de falar sobre os problemas do PT, o presidente defendeu a política externa de seu governo e fez uma saudação especial ao dirigente cubano Fidel Castro, a quem desejou recuperação e "breve retorno" à direção do governo de Cuba.

O líder cubano está afastado do poder desde o meados do ano passado, quando entregou o poder ao seu irmão Raúl, após submeter-se a uma cirurgia de emergência.

"PT nas veias" Apesar das fortes críticas que fez ao partido, Lula pontuou seu discurso, feito de improviso, com declarações de identificação com o PT, legenda da qual foi o primeiro presidente.

"O vermelho do PT corre em minhas veias", afirmou. O presidente fez, por fim, uma firme defesa da democracia, declarando-se, inclusive, um socialista democrático.

"Se eu tivesse maioria absoluta (no Congresso) eu teria poder para fazer uma Lei Habilitante", afirmou, numa referência aos poderes legislativos conferidos pelo Congresso da Venezuela ao presidente Hugo Chávez, pelos quais ele poderá governar por decreto por 18 meses.

Lula prosseguiu lembrando que tem que negociar com outras forças, porque não tem os poderes nem a maioria de Chávez. Para o presidente, "é nisso que está a beleza da democracia, e graças a ela um operário chegou à Presidência da República".




Fonte: Reuters

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