Traficantes revoltados iriam matar suspeitos

Traficantes do Morro da Serrinha, no bairro de Madureira, planejavam executar os supostos autores da barbárie contra o menino João Hélio Fernandes, 6 anos, que foi arrastado por 7 Km, cruzando quatro bairros do subúrbio do Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira. A ação foi evitada com a prisão dos suspeitos na tarde de ontem.

A reportagem do Terra apurou que o clima de revolta na Serrinha teria comovido os bandidos. Segundo seis moradores da comunidade, alguns criminosos possuem filhos e não admitiram a crueldade. A informação foi confirmada por dois policiais militares do 9º batalhão (Rocha Miranda), que pediram para não ser identificados.

Pelo menos um dos suspeitos ainda corre risco. De acordo com familiares de presos do complexo de Bangu, a notícia da morte da criança gerou revolta em alguns detentos que prometeram "dar uma lição" caso Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, seja encaminhado para o local. O outro rapaz, de 16 anos, ficará num centro de menores infratores.

A crueldade contra crianças, estupros e fofocas são práticas condenáveis para muitos traficantes cariocas que criaram o seu próprio "código de honra" ao longo das últimas décadas. Eles mesmos condenam e aplicam as penas tanto nas favelas quanto na cadeia.

A vítima mais conhecida de um tribunal do tráfico é o jornalista Tim Lopes, assassinado em 2002, na Vila Cruzeiro, na Penha, no subúrbio. O repórter da TV Globo foi pego gravando uma reportagem com uma câmera escondida e acabou sendo executado por se considerado "X-9", ou seja, delator.