Repórter News - reporternews.com.br
Façam boa ações
A revista Veja desta semana trás matéria de capa com pesquisa por ela encomendada ao IBOPE sobre a imagem que o brasileiro faz dos nossos políticos e nossas instituições.
Não precisa ler a reportagem para se concluir que a maioria esmagadora dos entrevistados tem a pior imagem possível dos políticos, da política e das instituições políticas.
Lendo, entretanto, tem-se a medida exata do grau de descrédito da categoria. Os políticos receberam em geral nota média de 3,9, numa escala de zero a 10. Apenas 10% dos deputados e senadores foram considerados bons. Para 84% os parlamentares federais trabalham pouco, e outros 63% os legisladores só defendem seus próprios interesses.
É aterrador. E piora um pouco mais. Perguntados quais as três principais características dos nossos representantes, “desonestos” foi a escolha de 55%; “insensíveis aos interesses da população” foi a indicação de outros 52%; e “mentirosos” é outra qualidade para 49%.
E mais, entre vários bichinhos colocados como opção daquele que melhor representa nossos políticos, o rato foi a combinação perfeita para 37% e abutre de outros 28%.
O estudo merece a leitura do leitor que se interessa por política, mas principalmente daqueles que não se interessam. Há muitos recortes e abordagens inteligentes e interessantes.
No essencial, no entanto, apenas reforça uma verdade histórica no Brasil e no mundo. Entretanto, mostra que esse quadro de descrédito pode estar aumentando, o que já é preocupante.
Por dois aspectos básicos. O primeiro demonstra que os políticos não têm se esforçado para melhorar sua imagem. Escândalos como o mensalão e sanguessugas, para ficar nos dois exemplos mais conhecidos, só joga gasolina na fogueira que queima suas reputações. E o segundo, e talvez o mais grave, é que esse descrédito vulnerabiliza as instituições, colocando em risco a chamada estabilidade democrática.
Proponho, contudo, que o eleitor, ou o cidadão comum, tem responsabilidade por este quadro, ao contrário do senso comum, que atribui os problemas da democracia apenas aos políticos.
A democracia se degenera pela base, e não pela cúpula. Podem até me acusar de positivista, mas se a base fosse consistente, ou seja, se houvesse participação popular na vida política nacional, ou no mínimo consciência eleitoral, haveria mais mecanismos de controle dos políticos e das instituições.
Mas, ao líder, a quem tem procuração para representar a coletiva, será sempre cobrada a maior porção de responsabilidade. Ou seja, é aos políticos, em primeiro lugar, que interessa o resgate da credibilidade da política e de suas instituições.
Nossos políticos precisam ler o poeta americano Walt Whitman. Era ele quem dizia, "façam boas pessoas. O resto virá naturalmente".
(*) KLEBER LIMA é jornalista, especialista em Marketing e consultor da KGM COMUNICAÇÃO, MARKETING E PESQUISAS. E-mail: kleberlima@terra.com.br; www.kgmcomunicação.com.br
Não precisa ler a reportagem para se concluir que a maioria esmagadora dos entrevistados tem a pior imagem possível dos políticos, da política e das instituições políticas.
Lendo, entretanto, tem-se a medida exata do grau de descrédito da categoria. Os políticos receberam em geral nota média de 3,9, numa escala de zero a 10. Apenas 10% dos deputados e senadores foram considerados bons. Para 84% os parlamentares federais trabalham pouco, e outros 63% os legisladores só defendem seus próprios interesses.
É aterrador. E piora um pouco mais. Perguntados quais as três principais características dos nossos representantes, “desonestos” foi a escolha de 55%; “insensíveis aos interesses da população” foi a indicação de outros 52%; e “mentirosos” é outra qualidade para 49%.
E mais, entre vários bichinhos colocados como opção daquele que melhor representa nossos políticos, o rato foi a combinação perfeita para 37% e abutre de outros 28%.
O estudo merece a leitura do leitor que se interessa por política, mas principalmente daqueles que não se interessam. Há muitos recortes e abordagens inteligentes e interessantes.
No essencial, no entanto, apenas reforça uma verdade histórica no Brasil e no mundo. Entretanto, mostra que esse quadro de descrédito pode estar aumentando, o que já é preocupante.
Por dois aspectos básicos. O primeiro demonstra que os políticos não têm se esforçado para melhorar sua imagem. Escândalos como o mensalão e sanguessugas, para ficar nos dois exemplos mais conhecidos, só joga gasolina na fogueira que queima suas reputações. E o segundo, e talvez o mais grave, é que esse descrédito vulnerabiliza as instituições, colocando em risco a chamada estabilidade democrática.
Proponho, contudo, que o eleitor, ou o cidadão comum, tem responsabilidade por este quadro, ao contrário do senso comum, que atribui os problemas da democracia apenas aos políticos.
A democracia se degenera pela base, e não pela cúpula. Podem até me acusar de positivista, mas se a base fosse consistente, ou seja, se houvesse participação popular na vida política nacional, ou no mínimo consciência eleitoral, haveria mais mecanismos de controle dos políticos e das instituições.
Mas, ao líder, a quem tem procuração para representar a coletiva, será sempre cobrada a maior porção de responsabilidade. Ou seja, é aos políticos, em primeiro lugar, que interessa o resgate da credibilidade da política e de suas instituições.
Nossos políticos precisam ler o poeta americano Walt Whitman. Era ele quem dizia, "façam boas pessoas. O resto virá naturalmente".
(*) KLEBER LIMA é jornalista, especialista em Marketing e consultor da KGM COMUNICAÇÃO, MARKETING E PESQUISAS. E-mail: kleberlima@terra.com.br; www.kgmcomunicação.com.br
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/244533/visualizar/
Comentários