Fornecedores do governo financiaram Aldo e Chinaglia
As empresas receberam do governo federal, juntas, R$ 652 milhões entre 2004 e 2006.
O candidato à Câmara Gustavo Fruet (PSDB-PR) foi ele próprio seu maior doador, com R$ 210 mil do total de R$ 617 mil. Ele também recebeu R$ 100 mil de um fornecedor da União, a empreiteira Camter (16,5% do total que captou).
Os candidatos do PC do B e do PT tiveram aumentos expressivos nas arrecadações declaradas de suas campanhas em 2006 --ano em que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) baixou uma série de medidas para tentar reduzir o caixa dois.
Na comparação com 2002, Aldo Rebelo foi o campeão. Pulou de R$ 116 mil (em valor corrigido pela inflação de 38,7% no período) para R$ 1,45 milhão, um aumento de 1.115% no total declarado à Justiça Eleitoral.
Chinaglia vem em seguida. Saltou de R$ 311 mil (valor já corrigido) para R$ 1,41 milhão --um aumento de 363% entre 2002 e 2006. Gustavo Fruet saiu de R$ 381 mil para R$ 617 mil --um acréscimo de 61%.
Fornecedoras
As principais doadoras dos políticos que podem vir a comandar a Câmara dos Deputados --terceiro cargo na linha de sucessão do presidente da República-- são empresas que mantêm algum tipo de negócio com a União.
O levantamento, feito no Siafi (sistema de acompanhamento de gastos), considerou contratos acima de R$ 1 milhão e envolveu apenas os gastos da administração direta, o que exclui estatais como a Petrobras.
As fornecedoras do governo Lula doaram juntas R$ 1,4 milhão para os candidatos Rebelo (R$ 740 mil) e Chinaglia (R$ 660 mil), do total arrecadado pelos dois de R$ 2,86 milhões.
O grupo Camargo Corrêa doou R$ 250 mil para Rebelo e R$ 210 mil para Chinaglia. Além de ter recebido R$ 98 milhões da União, a empresa lidera consórcio que venceu licitação de US$ 1,2 bilhão para a construção de dez navios petroleiros para a estatal Transpetro com financiamentos do BNDES (banco estatal).
A assessoria de Rebelo informou que ele conferia pessoalmente as doações, com reuniões com seu tesoureiro, e "foi muito cioso" a respeito da não utilização de caixa dois em sua campanha eleitoral.
Fruet disse que o grosso de sua campanha foi bancado por ele próprio e que a doação da Camter "não teve relação" com o governo federal. Segundo o deputado, a empresa, que o procurou, mantém contratos com o governo de Minas Gerais, gerido pelo PSDB.
Fruet também recebeu R$ 30 mil de um shopping center, embora seja membro da comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara. Em carta enviada à Folha em 2006, Fruet negou ilegalidade ou ter relatado projeto que beneficiou o setor.
A assessoria de Chinaglia, procurada na tarde de ontem, informou que tentaria localizá-lo para um comentário sobre as doações. Não houve retorno até o fechamento desta edição.
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