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Concessão da Sanecap foi tema de debate em Cuiabá
O apoio à proposta de concessão da Sanecap predominou entre os líderes comunitários reunidos na noite de sexta-feira (26) com o prefeito Wilson Santos e o presidente da Companhia, José Antônio Rosa. A reunião debateu a proposta com a comunidade. Ao todo cerca de 70 presidentes de bairros e representantes de associações e entidades das regionais Norte e Oeste estiveram no evento.
A necessidade de investir e a incapacidade do poder público em arcar com este investimento parecem ter sido compreendidas pela maioria das lideranças. Muitos declararam que não importa de onde venha o dinheiro, contanto que ele resolva problemas como a escassez de água nos bairros, a baixa pressão da água - que obriga os moradores a usar bomba para que a água suba no reservatório, aumentando o consumo de energia elétrica - e o aspecto ruim das águas dos poços, que os obriga a gastar ainda mais na compra de garrafões de água mineral. A solução é investimento.
"Somos a favor do povo e por isso, a favor da concessão", resumiu o presidente da União Cuiabana das Associações de Moradores de Bairro (Ucamb), Édio Martins de Souza. A entidade, que reúne 181 associações de moradores, esteve presente em todos os debates sobre o assunto. Morador do bairro 1º de Março há 16 anos, Souza observa que sente na pele os efeitos da falta de saneamento. "Se o município e o Estado não têm como investir e o Governo Federal dificulta a liberação de recurso, não podemos ficar esperando", disse.
Avaliando o cenário na capital, Édio opina que o movimento contra o projeto da concessão não reflete a opinião do povo, mas de grupos isolados. "O povo quer água de qualidade e tarifa justa. Não dá para continuar com essa economia burra em que a água não sobe na caixa e o morador tem que gastar a mais com uma bomba", disse.
Aluguel - Na reunião, o prefeito abriu a palavra para dúvidas e opiniões dos líderes comunitários. Ele voltou a explicar que a concessão é como um aluguel, e que apenas a gestão administrativa e financeira será feita pela empresa concessionária. "Os investimentos serão definidos pela Agência Reguladora, assim como o controle da tarifa", garantiu ele.
O prefeito também prometeu que colocará à disposição do público o contrato que será assinado com a empresa concessionária, o qual será debatido na audiência pública oficial e repassado a todas as entidades. O acesso ao contrato foi solicitado pelos líderes comunitários.
Público - Respondendo a questionamento sobre a possibilidade de manutenção dos serviços com dinheiro público, o prefeito argumentou que há companhias de saneamento públicas que dão certo, como é o caso da Sabesp, de São Paulo, mas frisou: "A prefeitura de São Paulo tem um orçamento de R$ 21 bilhões; 100% dos municípios têm água tratada e com flúor. A Sabesp dá certo porque a prefeitura tem dinheiro, o que não é caso de Cuiabá."
Questionado sobre o acesso aos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciado recentemente pelo Governo Federal, José Antônio Rosa explicou que, além de não ter capacidade de endividamento, a Prefeitura não possui recursos para dar a contrapartida necessária aos empréstimos. "Ou o governo flexibiliza e retira a necessidade de contrapartidas, ou será impossível acessar estes recursos", argumentou.
Ser a favor de Cuiabá e não apenas de um projeto político. Esta foi a idéia defendida pelo presidente do bairro Carumbé, Leônidas Siqueira. "Somos a favor de Cuiabá, que precisa de água, de esgoto. Nossa associação entende a necessidade e apóia o prefeito. É fácil falar mal quando se mora em apartamento nos bairros de classe média", defendeu ele.
Uma tarifa justa e água de qualidade é tudo o que quer o presidente do bairro 1º de Março, Vanderley da Rocha Ananias. Ele se confessa cansado também da falta de rede de esgoto, que obriga muitos a usarem fossas sépticas ou conviver com o esgoto a céu aberto. "Desde que melhore a qualidade da água e uma tarifa justa, apoiamos a concessão", comentou.
Seca - Na região do Pedra 90, que reúne 14 bairros, a preocupação maior é com o período de seca, quando a vazão dos poços diminui e a população sofre com a falta de água. "A construção da adutora da ETA Tijucal, que vai levar água para o bairro, resolverá o problema de 150 mil famílias da região", disse o presidente do bairro Nova Esperança I, Carlito Cruz.
De olho nas experiências de sucesso com concessões em outros estados, o presidente do bairro Jardim Nossa Senhora Aparecida, Durvalino Coerbas, comenta que a taxa de água baixou e o serviço prestado melhorou onde ocorreu a concessão. "É uma ação importante, mas precisa ser feito com uma empresa que tenha capital para investir", disse ele, garantindo que a população da região - que abrange os bairros Capão de Fora, Buritis e Comodoro - entende o que é concessão e tem esperança neste novo projeto. "A população está aguardando e necessitando de melhorias."
Moradores de bairros sem muitos problemas com água também compareceram para lutar pela melhoria das condições em outras comunidades. Foi o caso da presidente do bairro Castelo Branco, Deumaci Freitas. "Na minha comunidade tem água tratada todo dia, mas temos que pensar nos bairros que não têm. Por isso estou aqui e defendo a concessão", disse ela.
Recursos - A histórica falta de recursos dos sucessivos governos para investir em saneamento foi lembrada pelo presidente de bairro Leonel Mesquita. Presidente por sucessivos mandatos, ele luta sem sucesso desde 1991 para viabilizar saneamento básico. Segundo dados apresentados por ele e atribuídos a relatório da ONU, 36 milhões de pessoas sofrem com a falta de esgoto e 47 milhões com a falta de água em todo o Brasil. Os dados comprovam, segundo ele, a incapacidade do Estado em investir no setor. "Muitos políticos querem que isso continue, para poderem ganhar voto com o sofrimento do povo!", opinou ele.
Confundir o povo é o objetivo dos que lutam contra a concessão. Foi o que opinou o presidente do bairro Jardim Aroeira, Moacir Carvalho. "Eles sabem a diferença entre concessão e privatização, mas misturam os dois conceitos para confundir o povo", observou ele, garantindo que as decisões tomadas pela Ucamb e Ucam representam a opinião da comunidade organizada. "Não é a opinião de um, mas do movimento organizado", garantiu.
O presidente do bairro Coophamil, Aledes Gama, fez questão de frisar que é contra a privatização e não contra a concessão, como foi divulgado recentemente em um jornal da cidade. "Distorceram o que eu disse", afirmou. A falta de água e o esgoto que invade as casas nas partes mais baixas do bairro quando chove preocupam Gama. "Nosso principal objetivo é que não falte água e esgoto no bairro, por isso apoiamos a concessão", argumentou ele.
A melhoria do serviço aos bairros é uma esperança que anima muitos líderes. É o que se nota na fala da presidente do bairro Cidade Verde, Joanita Santana Bezerra. O bairro, um dos mais antigos da cidade, não tem rede de esgoto. "Já temos projeto de saneamento enviado inclusive ao Governo Federal, mas a resposta de sempre é que não há verba. Tenho certeza que, com a concessão, esse recurso vai sair", comentou ela.
O presidente do bairro Jardim União, Laudenir Trindade da Silva, mostrou preocupação com o alto índice de desperdício de água, principalmente nos vizinhos Jardim Vitória de Jardim Florianópolis que, sem equipamentos de contenção, como bóias, deixam a água correr e prejudicam os outros bairros. "A coisa que eu mais detesto é ver água sendo desperdiçada. Sou a favor da concessão porque vai resolver esse problema do bairro", opinou.
A necessidade de investir e a incapacidade do poder público em arcar com este investimento parecem ter sido compreendidas pela maioria das lideranças. Muitos declararam que não importa de onde venha o dinheiro, contanto que ele resolva problemas como a escassez de água nos bairros, a baixa pressão da água - que obriga os moradores a usar bomba para que a água suba no reservatório, aumentando o consumo de energia elétrica - e o aspecto ruim das águas dos poços, que os obriga a gastar ainda mais na compra de garrafões de água mineral. A solução é investimento.
"Somos a favor do povo e por isso, a favor da concessão", resumiu o presidente da União Cuiabana das Associações de Moradores de Bairro (Ucamb), Édio Martins de Souza. A entidade, que reúne 181 associações de moradores, esteve presente em todos os debates sobre o assunto. Morador do bairro 1º de Março há 16 anos, Souza observa que sente na pele os efeitos da falta de saneamento. "Se o município e o Estado não têm como investir e o Governo Federal dificulta a liberação de recurso, não podemos ficar esperando", disse.
Avaliando o cenário na capital, Édio opina que o movimento contra o projeto da concessão não reflete a opinião do povo, mas de grupos isolados. "O povo quer água de qualidade e tarifa justa. Não dá para continuar com essa economia burra em que a água não sobe na caixa e o morador tem que gastar a mais com uma bomba", disse.
Aluguel - Na reunião, o prefeito abriu a palavra para dúvidas e opiniões dos líderes comunitários. Ele voltou a explicar que a concessão é como um aluguel, e que apenas a gestão administrativa e financeira será feita pela empresa concessionária. "Os investimentos serão definidos pela Agência Reguladora, assim como o controle da tarifa", garantiu ele.
O prefeito também prometeu que colocará à disposição do público o contrato que será assinado com a empresa concessionária, o qual será debatido na audiência pública oficial e repassado a todas as entidades. O acesso ao contrato foi solicitado pelos líderes comunitários.
Público - Respondendo a questionamento sobre a possibilidade de manutenção dos serviços com dinheiro público, o prefeito argumentou que há companhias de saneamento públicas que dão certo, como é o caso da Sabesp, de São Paulo, mas frisou: "A prefeitura de São Paulo tem um orçamento de R$ 21 bilhões; 100% dos municípios têm água tratada e com flúor. A Sabesp dá certo porque a prefeitura tem dinheiro, o que não é caso de Cuiabá."
Questionado sobre o acesso aos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciado recentemente pelo Governo Federal, José Antônio Rosa explicou que, além de não ter capacidade de endividamento, a Prefeitura não possui recursos para dar a contrapartida necessária aos empréstimos. "Ou o governo flexibiliza e retira a necessidade de contrapartidas, ou será impossível acessar estes recursos", argumentou.
Ser a favor de Cuiabá e não apenas de um projeto político. Esta foi a idéia defendida pelo presidente do bairro Carumbé, Leônidas Siqueira. "Somos a favor de Cuiabá, que precisa de água, de esgoto. Nossa associação entende a necessidade e apóia o prefeito. É fácil falar mal quando se mora em apartamento nos bairros de classe média", defendeu ele.
Uma tarifa justa e água de qualidade é tudo o que quer o presidente do bairro 1º de Março, Vanderley da Rocha Ananias. Ele se confessa cansado também da falta de rede de esgoto, que obriga muitos a usarem fossas sépticas ou conviver com o esgoto a céu aberto. "Desde que melhore a qualidade da água e uma tarifa justa, apoiamos a concessão", comentou.
Seca - Na região do Pedra 90, que reúne 14 bairros, a preocupação maior é com o período de seca, quando a vazão dos poços diminui e a população sofre com a falta de água. "A construção da adutora da ETA Tijucal, que vai levar água para o bairro, resolverá o problema de 150 mil famílias da região", disse o presidente do bairro Nova Esperança I, Carlito Cruz.
De olho nas experiências de sucesso com concessões em outros estados, o presidente do bairro Jardim Nossa Senhora Aparecida, Durvalino Coerbas, comenta que a taxa de água baixou e o serviço prestado melhorou onde ocorreu a concessão. "É uma ação importante, mas precisa ser feito com uma empresa que tenha capital para investir", disse ele, garantindo que a população da região - que abrange os bairros Capão de Fora, Buritis e Comodoro - entende o que é concessão e tem esperança neste novo projeto. "A população está aguardando e necessitando de melhorias."
Moradores de bairros sem muitos problemas com água também compareceram para lutar pela melhoria das condições em outras comunidades. Foi o caso da presidente do bairro Castelo Branco, Deumaci Freitas. "Na minha comunidade tem água tratada todo dia, mas temos que pensar nos bairros que não têm. Por isso estou aqui e defendo a concessão", disse ela.
Recursos - A histórica falta de recursos dos sucessivos governos para investir em saneamento foi lembrada pelo presidente de bairro Leonel Mesquita. Presidente por sucessivos mandatos, ele luta sem sucesso desde 1991 para viabilizar saneamento básico. Segundo dados apresentados por ele e atribuídos a relatório da ONU, 36 milhões de pessoas sofrem com a falta de esgoto e 47 milhões com a falta de água em todo o Brasil. Os dados comprovam, segundo ele, a incapacidade do Estado em investir no setor. "Muitos políticos querem que isso continue, para poderem ganhar voto com o sofrimento do povo!", opinou ele.
Confundir o povo é o objetivo dos que lutam contra a concessão. Foi o que opinou o presidente do bairro Jardim Aroeira, Moacir Carvalho. "Eles sabem a diferença entre concessão e privatização, mas misturam os dois conceitos para confundir o povo", observou ele, garantindo que as decisões tomadas pela Ucamb e Ucam representam a opinião da comunidade organizada. "Não é a opinião de um, mas do movimento organizado", garantiu.
O presidente do bairro Coophamil, Aledes Gama, fez questão de frisar que é contra a privatização e não contra a concessão, como foi divulgado recentemente em um jornal da cidade. "Distorceram o que eu disse", afirmou. A falta de água e o esgoto que invade as casas nas partes mais baixas do bairro quando chove preocupam Gama. "Nosso principal objetivo é que não falte água e esgoto no bairro, por isso apoiamos a concessão", argumentou ele.
A melhoria do serviço aos bairros é uma esperança que anima muitos líderes. É o que se nota na fala da presidente do bairro Cidade Verde, Joanita Santana Bezerra. O bairro, um dos mais antigos da cidade, não tem rede de esgoto. "Já temos projeto de saneamento enviado inclusive ao Governo Federal, mas a resposta de sempre é que não há verba. Tenho certeza que, com a concessão, esse recurso vai sair", comentou ela.
O presidente do bairro Jardim União, Laudenir Trindade da Silva, mostrou preocupação com o alto índice de desperdício de água, principalmente nos vizinhos Jardim Vitória de Jardim Florianópolis que, sem equipamentos de contenção, como bóias, deixam a água correr e prejudicam os outros bairros. "A coisa que eu mais detesto é ver água sendo desperdiçada. Sou a favor da concessão porque vai resolver esse problema do bairro", opinou.
Fonte:
AMM
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/245025/visualizar/
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