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País tem poucas patentes e em setores não-tecnológicos
Indicador de patentes da indústria que a Unicamp divulga nesta semana mostra outro retrato do atraso do setor na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Ao já conhecido fato de a indústria brasileira patentear poucos produtos, a pesquisa acrescenta outro: nossas patentes são registradas por setores tradicionais, fora do eixo de alta tecnologia em que elas se concentram nos países desenvolvidos.
O setor de máquinas e equipamentos é o campeão em registro de patentes entre as áreas que compõem a indústria de transformação no Brasil, o que sugere que ele deve estar também entre os que mais inovam na indústria brasileira. Áreas de ponta, como farmácia, biotecnologia e comunicações, sequer estão no ranking dos dez maiores "patenteadores".
O ranking de patentes da indústria foi elaborado pelo DPCT (Departamento de Política Científica e Tecnológica) da Unicamp. Ele mostra que, ao contrário dos países desenvolvidos, por aqui, quem mais recorre a patentes são setores tradicionais. Figuram entre os dez líderes do indicador de patentes setores como os de artigos de borracha e veículos.
O indicador pega o número de pedidos e de patentes concedidas e o divide pelo número de empregados. Em número total de patentes, o ranking muda um pouco, mas com os mesmos setores tradicionais no topo.
"Não estão lá [no ranking] setores como aeronáutica, farmacêutica e química. Justamente os mais intensivos em tecnologia, que lideram a lista nos países desenvolvidos", diz Ruy Quadros, do DPCT.
O número de patentes é um dos indicadores que podem ser usados para estimar o grau de inovação de um setor ou empresa. Novos produtos e tecnologias são geralmente protegidos com patentes. Portanto, quanto maior o número delas, maior deve ter sido o esforço de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da empresa ou setor.
"Realmente, temos um número de patentes muito baixo. O tempo que se leva para conseguir um registro no Brasil é alto. As patentes que temos não são de produtos de tecnologia de última geração, que são os que mais geram riqueza", diz José Ricardo Roriz, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp.
Relatório da Organização Mundial de Propriedade Intelectual mostra que, no Brasil, são registrados 21 pedidos de patentes para cada 1 milhão de habitantes. Menos do que na Argentina (28), bem menos do que a média mundial (148) e muito menos do que no campeão de patentes em 2004, o Japão (2.884). E os dados incluem patentes de todos os setores, não apenas da indústria.
Na área farmacêutica, onde adquirir a patente é parte importante do negócio, o primeiro medicamento patenteado por empresa brasileira saiu apenas em 2005. "Quando comparamos o número de patentes que temos em relação ao de outros países emergentes, perdemos de goleada", diz José Roberto Lazzarini, diretor do Aché, laboratório que desenvolveu o medicamento.
Mesmo o Aché ainda engatinha. Ele investe cerca de R$ 25 milhões em P&D. Um grão de areia se comparado ao R$ 1,7 bilhão de faturamento da empresa e bem menos do que a média das grandes farmacêuticas internacionais, que dedicam à área entre 6% a 20% do faturamento líquido.
"Temos que fazer como aprendizado", diz Lazzarini, lembrando da pouca experiência das empresas brasileiras em P&D e dos grandes riscos que a atividade envolve. A empresa agora tem quatro linhas de pesquisa. Depois de ter financiado toda a pesquisa do primeiro medicamento patenteado com recursos próprios, ela conta agora com linha do BNDES para custear parte delas.
Ele lembra ainda de outro problema enfrentado por quem quer investir em P&D no Brasil. "A dificuldade de transformação da academia, dos cientistas e da universidade para atender à demanda", diz. "Temos uma academia que tem dimensão para atender as nossas necessidades, mas existe um vale enorme entre o mundo real das empresas e o mundo dos cientistas [no Brasil]", completa Roriz.
O diretor da Fiesp fala de outro grande inibidor da inovação no caso da indústria. "É muito cara a inovação no Brasil. Você tem que correr risco, o produto pode não ser lançado e o custo de capital é muito alto."
Pesquisa
O ranking de patentes da indústria é o primeiro passo do DPCT/Unicamp para elaborar o IBI (Índice Brasil de Inovação), que deve ser divulgado ainda neste ano.
Apesar do número de patentes ser um indicador indireto do grau de inovação de um setor ou empresa, ele nem sempre é um bom avaliador. Em alguns setores, o segredo industrial é importante e, nesses casos, não faz sentido tornar público um processo de produção.
O IBI terá apenas as indústrias que voluntariamente quiserem participar, já que incluirá dados que elas enviam ao IBGE sobre gastos com P&D e que são sigilosos.
O setor de máquinas e equipamentos é o campeão em registro de patentes entre as áreas que compõem a indústria de transformação no Brasil, o que sugere que ele deve estar também entre os que mais inovam na indústria brasileira. Áreas de ponta, como farmácia, biotecnologia e comunicações, sequer estão no ranking dos dez maiores "patenteadores".
O ranking de patentes da indústria foi elaborado pelo DPCT (Departamento de Política Científica e Tecnológica) da Unicamp. Ele mostra que, ao contrário dos países desenvolvidos, por aqui, quem mais recorre a patentes são setores tradicionais. Figuram entre os dez líderes do indicador de patentes setores como os de artigos de borracha e veículos.
O indicador pega o número de pedidos e de patentes concedidas e o divide pelo número de empregados. Em número total de patentes, o ranking muda um pouco, mas com os mesmos setores tradicionais no topo.
"Não estão lá [no ranking] setores como aeronáutica, farmacêutica e química. Justamente os mais intensivos em tecnologia, que lideram a lista nos países desenvolvidos", diz Ruy Quadros, do DPCT.
O número de patentes é um dos indicadores que podem ser usados para estimar o grau de inovação de um setor ou empresa. Novos produtos e tecnologias são geralmente protegidos com patentes. Portanto, quanto maior o número delas, maior deve ter sido o esforço de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da empresa ou setor.
"Realmente, temos um número de patentes muito baixo. O tempo que se leva para conseguir um registro no Brasil é alto. As patentes que temos não são de produtos de tecnologia de última geração, que são os que mais geram riqueza", diz José Ricardo Roriz, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp.
Relatório da Organização Mundial de Propriedade Intelectual mostra que, no Brasil, são registrados 21 pedidos de patentes para cada 1 milhão de habitantes. Menos do que na Argentina (28), bem menos do que a média mundial (148) e muito menos do que no campeão de patentes em 2004, o Japão (2.884). E os dados incluem patentes de todos os setores, não apenas da indústria.
Na área farmacêutica, onde adquirir a patente é parte importante do negócio, o primeiro medicamento patenteado por empresa brasileira saiu apenas em 2005. "Quando comparamos o número de patentes que temos em relação ao de outros países emergentes, perdemos de goleada", diz José Roberto Lazzarini, diretor do Aché, laboratório que desenvolveu o medicamento.
Mesmo o Aché ainda engatinha. Ele investe cerca de R$ 25 milhões em P&D. Um grão de areia se comparado ao R$ 1,7 bilhão de faturamento da empresa e bem menos do que a média das grandes farmacêuticas internacionais, que dedicam à área entre 6% a 20% do faturamento líquido.
"Temos que fazer como aprendizado", diz Lazzarini, lembrando da pouca experiência das empresas brasileiras em P&D e dos grandes riscos que a atividade envolve. A empresa agora tem quatro linhas de pesquisa. Depois de ter financiado toda a pesquisa do primeiro medicamento patenteado com recursos próprios, ela conta agora com linha do BNDES para custear parte delas.
Ele lembra ainda de outro problema enfrentado por quem quer investir em P&D no Brasil. "A dificuldade de transformação da academia, dos cientistas e da universidade para atender à demanda", diz. "Temos uma academia que tem dimensão para atender as nossas necessidades, mas existe um vale enorme entre o mundo real das empresas e o mundo dos cientistas [no Brasil]", completa Roriz.
O diretor da Fiesp fala de outro grande inibidor da inovação no caso da indústria. "É muito cara a inovação no Brasil. Você tem que correr risco, o produto pode não ser lançado e o custo de capital é muito alto."
Pesquisa
O ranking de patentes da indústria é o primeiro passo do DPCT/Unicamp para elaborar o IBI (Índice Brasil de Inovação), que deve ser divulgado ainda neste ano.
Apesar do número de patentes ser um indicador indireto do grau de inovação de um setor ou empresa, ele nem sempre é um bom avaliador. Em alguns setores, o segredo industrial é importante e, nesses casos, não faz sentido tornar público um processo de produção.
O IBI terá apenas as indústrias que voluntariamente quiserem participar, já que incluirá dados que elas enviam ao IBGE sobre gastos com P&D e que são sigilosos.
Fonte:
Folha de S.Paulo
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/245074/visualizar/
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