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Clubes gastam em eleição mais do que governador
De um lado, belas garotas arrumadas, sorriso congelado, com a missão de distribuir panfletos pela manutenção da atual administração. Do outro, conselheiros desalinhados, falando alto, conclamando colegas a elegerem nova diretoria.
O cenário era o Corinthians, na reta final da disputa entre situação e oposição para eleger novos membros do Conselho.
As eleições em clubes de futebol brasileiros estão cheias de cenas pitorescas como essa, denúncias, protestos da torcida. E também de cifras que pouco aparecem mas dão a dimensão da ambição dos dirigentes para chegarem a cargos que nem sequer são remunerados.
A campanha à presidência de uma grande equipe é, proporcionalmente, mais de cem vezes mais cara do que a corrida para governador de São Paulo. É o que mostra levantamento da Folha sobre pleitos recentes de quatro clubes: Corinthians, Flamengo, Palmeiras e Vasco.
Em seis das nove campanhas (o Flamengo teve dois candidatos de oposição), entre dezembro e janeiro, foi gasto cerca de R$ 1,27 milhão, mais de R$ 200 mil por time. Os pleitos envolveram 7.309 votantes, média de 1.827 eleitores em cada um.
O gasto médio foi de R$ 115 por voto. Para se eleger governador de São Paulo, José Serra (PSDB) usou R$ 1,09 por voto. Comparação com um município menor, com colégio eleitoral similar ao dos clubes, também mostra a discrepância.
Em Monções (SP), com 1.672 eleitores, o atual prefeito Valtolino Alves (PMDB) gastou R$ 5,3 por votante, em 2004. Além das despesas tradicionais, como folhetos e camisetas, os dirigentes ainda gastam com segurança, advogados, jantares fartos, outdoors externos e até propaganda no horário nobre da TV Globo.
"É a campanha mais cara do mundo. Já trabalhei em candidatura a governador do Rio. Gastava-se entre R$ 5 e R$ 10 por eleitor", afirma o publicitário Arnaldo Cardoso, candidato derrotado no Flamengo. Sua campanha foi a mais barata, segundo ele: R$ 62 mil. Mas ressalta que recebeu vários serviços de graça. "Estimo que custaria R$ 240 mil", diz.
Ainda assim, bem menos que os valores da oposição do Corinthians. Foram usados R$ 658 mil para convencer cerca de 2.000 eleitores. Entre os gastos estavam 45 mil camisetas, a R$ 11 cada uma.
"Muito torcedor que não é sócio pediu", diz Andrés Sanchez, líder da oposição. Fora das contas, está almoço com 60 kg de camarão para correligionários. "Foi festa surpresa para meu aniversário", justifica ele.
Seu rival, Alberto Dualib, não revela valores. O vice Edgard Soares diz que consumiu R$ 200 mil em eventos.
No cálculo não entram propagandas na Globo, espaço cedido pela emissora como parte do contrato do Brasileiro. A oposição barrou as exibições. No Vasco, partidários de Roberto Dinamite acusaram o presidente Eurico Miranda de usar seguranças do clube para coagir opositores.
A campanha de Dinamite gastou R$ 163 mil. Como no Corinthians, parte foi consumida com advogados, para enfrentar guerra de liminares.
Sem batalha jurídica, a eleição palmeirense foi proporcionalmente a mais cara. A oposição usou R$ 100 mil em anúncios em jornais para 279 eleitores. Perdeu para o presidente Affonso della Monica, que diz só ter gasto com despesas postais para enviar cartas.
A campanha fora do clube também foi a tônica no Rio. Reeleito, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, espalhou outdoors pela cidade por conta de patrocinadores.
O cenário era o Corinthians, na reta final da disputa entre situação e oposição para eleger novos membros do Conselho.
As eleições em clubes de futebol brasileiros estão cheias de cenas pitorescas como essa, denúncias, protestos da torcida. E também de cifras que pouco aparecem mas dão a dimensão da ambição dos dirigentes para chegarem a cargos que nem sequer são remunerados.
A campanha à presidência de uma grande equipe é, proporcionalmente, mais de cem vezes mais cara do que a corrida para governador de São Paulo. É o que mostra levantamento da Folha sobre pleitos recentes de quatro clubes: Corinthians, Flamengo, Palmeiras e Vasco.
Em seis das nove campanhas (o Flamengo teve dois candidatos de oposição), entre dezembro e janeiro, foi gasto cerca de R$ 1,27 milhão, mais de R$ 200 mil por time. Os pleitos envolveram 7.309 votantes, média de 1.827 eleitores em cada um.
O gasto médio foi de R$ 115 por voto. Para se eleger governador de São Paulo, José Serra (PSDB) usou R$ 1,09 por voto. Comparação com um município menor, com colégio eleitoral similar ao dos clubes, também mostra a discrepância.
Em Monções (SP), com 1.672 eleitores, o atual prefeito Valtolino Alves (PMDB) gastou R$ 5,3 por votante, em 2004. Além das despesas tradicionais, como folhetos e camisetas, os dirigentes ainda gastam com segurança, advogados, jantares fartos, outdoors externos e até propaganda no horário nobre da TV Globo.
"É a campanha mais cara do mundo. Já trabalhei em candidatura a governador do Rio. Gastava-se entre R$ 5 e R$ 10 por eleitor", afirma o publicitário Arnaldo Cardoso, candidato derrotado no Flamengo. Sua campanha foi a mais barata, segundo ele: R$ 62 mil. Mas ressalta que recebeu vários serviços de graça. "Estimo que custaria R$ 240 mil", diz.
Ainda assim, bem menos que os valores da oposição do Corinthians. Foram usados R$ 658 mil para convencer cerca de 2.000 eleitores. Entre os gastos estavam 45 mil camisetas, a R$ 11 cada uma.
"Muito torcedor que não é sócio pediu", diz Andrés Sanchez, líder da oposição. Fora das contas, está almoço com 60 kg de camarão para correligionários. "Foi festa surpresa para meu aniversário", justifica ele.
Seu rival, Alberto Dualib, não revela valores. O vice Edgard Soares diz que consumiu R$ 200 mil em eventos.
No cálculo não entram propagandas na Globo, espaço cedido pela emissora como parte do contrato do Brasileiro. A oposição barrou as exibições. No Vasco, partidários de Roberto Dinamite acusaram o presidente Eurico Miranda de usar seguranças do clube para coagir opositores.
A campanha de Dinamite gastou R$ 163 mil. Como no Corinthians, parte foi consumida com advogados, para enfrentar guerra de liminares.
Sem batalha jurídica, a eleição palmeirense foi proporcionalmente a mais cara. A oposição usou R$ 100 mil em anúncios em jornais para 279 eleitores. Perdeu para o presidente Affonso della Monica, que diz só ter gasto com despesas postais para enviar cartas.
A campanha fora do clube também foi a tônica no Rio. Reeleito, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, espalhou outdoors pela cidade por conta de patrocinadores.
Fonte:
Folha de S.Paulo
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/245211/visualizar/
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