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Sábado - 27 de Janeiro de 2007 às 17:13

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O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, considerou hoje que a Rodada de Doha, negociada na Organização Mundial do Comércio (OMC), precisa de "avanços concretos" dentro de dois meses para que um acordo global seja alcançado.

"É preciso que haja algum tipo de avanço entre o fim de março e o começo de abril, e números sobre a mesa até, no máximo, o fim de junho" para que o objetivo de fechar esse acordo de comércio multilateral seja alcançado, afirmou Amorim em Davos.

As maiores potências comerciais do mundo decidiram hoje retomar as negociações da Rodada de Doha em Genebra, e, ainda que não tenham fixado a data, reconheceram que um eventual fracasso das conversas terá custos que vão além do comércio.

"Retomamos totalmente as negociações", afirmou hoje o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, ao fim da reunião informal que os representantes de Comércio de Estados Unidos, União Européia (UE), Brasil, Índia e outros vinte países realizaram na cidade de Davos, nos Alpes suíços.

O chanceler brasileiro afirmou que deixava Davos com "uma impressão positiva da reunião e com mais otimismo".

Ao falar sobre "números", os negociadores se referiam às propostas sobre os cortes tarifários e de subsídios nos setores agrícola e de bens industriais.

"Hoje recebemos sinais claros de que estamos preparados para nos comprometermos nas negociações", disse Amorim, que quis refletir o ambiente positivo atual destacando que "o pior que se pode conseguir agora sempre será preferível ao melhor que podia ter sido decidido em Cancún".

Nessa cidade mexicana, fracassou, em 2003, a primeira tentativa de concluir estas negociações, que buscam o aprofundamento e a liberalização do comércio internacional de produtos agrícolas e industriais e de serviços em benefício dos países em desenvolvimento e dos mais pobres.

Amorim acrescentou que tem "a sensação de que EUA e UE estão preparados para se comprometerem em negociações sérias. Acho que há uma urgência (em chegar ao acordo) que não existia antes".

Ele assegurou que o "Brasil está preparado para se comprometer a abrir seu mercado industrial e de serviços desde o momento em que obtiver o que procura no setor agrícola".

"Se Lamy nos trancasse hoje em uma sala, o Brasil colocaria seus números na mesa", disse o chanceler brasileiro, para mostrar o grau de compromisso do país, que, junto com a Índia, lidera o Grupo dos Vinte (G-20), integrado por nações em desenvolvimento e, em sua maioria, exportadoras agrícolas.

O ministro de Indústria e Comércio indiano, Kamal Nath, disse que "esta reunião devolveu Doha ao processo negociador".

"Eu me sinto otimista porque a UE se aproximou das posições do G-20, mas agora os Estados Unidos têm que se comprometer ainda mais.

Mas me sentirei realmente otimista quando tivermos os números", afirmou Nath.

Com relação ao fato de que os EUA, um dos maiores negociadores, precisam renovar a Autoridade de Promoção Comercial (TPA), ou "fast track", quando ela expirar em junho, Nath disse que "as negociações não podem depender dos prazos do TPA".

O TPA permite ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, negociar pela via rápida ("fast track") acordos de comércio internacional sem ter de submetê-los ao processo de emendas, pois o Congresso só pode se pronunciar a favor ou contra o texto total.

Bush tem agora a dificuldade adicional de ter um Congresso de maioria democrata que pode derrubar um eventual pedido seu para renovar o TPA, o que significaria, segundo os analistas, um atraso de anos para a Rodada de Doha.

"Não podemos nos fixar um prazo para a negociação por causa do TPA ou de outro assunto similar que surgir" em um país determinado, precisou.





Fonte: EFE

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