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Polícia Brasil
Terça - 23 de Janeiro de 2007 às 10:43

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Presídios superlotados, crescimento no número de assassinatos e de outros crimes. A população de Mato Grosso vive um cotidiano de insegurança, mesmo em cidades do interior. E quais são os motivos nesse aumento da criminalidade?

O ano de 2007começou com uma herança perversa e previsível. O número de homicídios de 2006 aumentou em relação a 2005, de 218 para 228 assassinatos.

Os homicídios aumentaram bem mais do que o número de policiais na rua. O número de menores assassinados também cresceu, de 47 casos em 2005 para 67 em 2006.

O reflexo do aumento da violência em Mato Grosso está no sistema prisional, que hoje abriga bem mais presos do que a sua capacidade. São 8.181 presos no Estado, sendo que a capacidade é para 4.821 vagas.

Os altos índices da criminalidade preocupam, mas não surpreendem a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso. "A superlotação é uma realidade quem tem que ser modificada e tem que ser dado também condições de essas pessoas saírem pelo menos com uma noção básica de trabalho, de uma profissão, para que ele possa não vir para a rua ficar ao relento, porque é como ele fica. Ele não tem aonde ir, não tem o que fazer e ninguém dá emprego se souber que é ex-presidiário. E ele é empurrado violentamente pra isso, para o crime", disse Betsey Miranda.

As dificuldades do Estado em conter o crime se estendem ao interior. Em Sinop, maior município do norte do Estado, os assaltos a residência cresceram 40%. A ousadia dos bandidos assusta e espanta moradores. Depois de ser assaltada quatro vezes, uma família resolveu mudar de casa. "Levaram coisas pesadas, guarda-roupas, cama, fogão, pia. Nós demos queixa na delegacia, trancamos todas as janelas de novo e essa semana eles vieram aqui e levaram o resto, algumas coisas que faltavam. Levaram inclusive o cabo de energia elétrica", lamenta o empresário Paulo Mazzetti.

Para quem convive com a violência, os números da violência em Mato Grosso não param de crescer porque a polícia não consegue reprimir os crimes rotineiros e até previsíveis, com data, hora e local marcados, como a venda de drogas nos bairros pobres da regiáo da capital.

Uma associação de combate à violência, criada há quatro anos em Várzea Grande, conta com a participação de moradores de alguns dos 46 bairros do Cristo Rei, uma das regiões mais violentas da baixada cuiabana.

O presidente da Associação não tem dúvidas de que a omissão no combate ao tráfico de drogas agrava a violência. "Nós temos boca de fumo que funcionam há mais de 20 anos dentro da comunidade e até hoje nós não temos uma polícia efica para combater essas bocas de fumo. Eu não entendo até hoje porque essas bocas de fumo continuam funcionando dentro de nossa comunidade. Tem boca de fumo que já está aposentando e não foram capazes de fechar essa boca de fumo dentro do Estado de Mato Grosso, dentro do município de Várzea Grande", questiona Edson Leite, presidente da associação.

Os moradores se dizem reféns das quadrilhas. Uma desempregada que mora na região disse que chegou a abandonar os estudos com medo da criminalidade. "Desisti. Porque tinha medo de ficar na escola. A gente não tem esperança de nada aqui não".

A solução é tão antiga quanto os problemas. Leva tempo para ser executada, mas pode impedir que o futuro repita os dias de hoje. "A gente tem que falar em escola, pra evitar que daqui a 10, 12 anos, essas crianças que estão no início da vida, de escolaridade, não venham a se marginalizar....e nós estaremos aqui falando a mesma coisa no amanhã: porque nós não educamos?", afirma Betsey Miranda.

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública informou que, entre as medidas para conter a criminalidade estão a contratação de mais de 350 policiais civis e o aumento do efetivo de PMs nas ruas. Com relação aos presídios, em 90 dias o Governo dará início à construção de mais três unidades prisionais: em Pontes e Lacerda, Juína e em Tangará da Serra. Para evitar o envolvimento de menores em crimes, projetos estão sendo desenvolvidos em conjunto por quatro secretarias estaduais. A Sejusp informou também que o gabinete de gestão integrada tem comandado ações para desarticular quadrilhas de tráfico de drogas na Grande Cuiabá.





Fonte: TV Centro América

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