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Nacional
Segunda - 22 de Janeiro de 2007 às 07:04

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O inquérito da Polícia Federal que apura as causas do acidente que derrubou o Boeing da Gol, matando 154 pessoas no dia 29 de setembro de 2006, deve ser concluído apontando a responsabilidade compartilhada entre Joe Lepore e Jan Paladino, piloto e o co-piloto do jato Legacy, e controladores de vôo que orientaram o jatinho durante parte de sua viagem no dia do acidente.

A informação é do delegado Renato Sayão, que preside as investigações sobre a colisão. "Os controladores tinham um avião sob controle que não estava aparecendo na tela do radar e parecem ter achado normal. Deveriam ter adotado procedimentos de emergência para localizar o Legacy ou desviar o Gol da rota. Isso não foi feito", afirmou.

Ainda conforme Sayão, que pediu laudos periciais para confirmar se efetivamente o equipamento foi desligado, a parcela responsabilidade de Joe Lepore e Jan Paladino, respectivamente piloto e co-piloto do Legacy estaria nos indícios de que os dois foram negligentes na operação dos equipamentos do jatinho. Lepore e Paladino já foram indiciados no inquérito precisamente por esse motivo.

Os diálogos dos pilotos, gravados pela caixa-preta do Legacy, mostram que dois minutos após o choque com o avião da Gol, eles teriam percebido que o equipamento anticolisão, chamado de TCAS, estava desligado. Nas aeronaves modernas, o transponder, que acusa a presença de outro avião na mesma rota, funciona acoplado ao TCAS.

Conforme divulgou a revista Veja de sábado, os diálogos dos dois pilotos do Legacy gravados por uma das caixas pretas da aeronave indicam que os dois descobriram às 16h59, apenas dois minutos após o acidente, que viajavam com o mecanismo anticolisão desligado. "Cara, você está com o TCAS ligado?", pergunta um deles. "É, o TCAS está desligado", responde o outro.

Na avaliação de Sayão, o diálogo é insuficiente para indicar qualquer ação intencional dos pilotos, mas serviria para corroborar a interpretação de que teria havido negligência. "Os laudos poderão até indicar se os equipamentos foram de fato desligados, e em que momento isso ocorreu, mas não mostrarão se houve intenção de desligá-los", diz. Os pilotos foram indiciados com base no artigo 261 do Código Penal: expor a pergio embarcação ou aeronave, própria ou alheia.

Ainda conforme Sayão, o inquérito também deve apontar que falhas técnicas dos equipamentos de comunicação contribuíram para o acidente. Controladores relatam a existência de um buraco negro sobre parte da região Norte onde os equipamentos de controle de tráfego aéreo e de rádio não funcionam ou funcionam precariamente.

Investigação O inquérito é a primeira etapa da investigação; depois de concluído, caberá à Justiça e aos Ministérios Públicos Federal e Militar apontar se há ou não elementos para abertura de processo contra os envolvidos.

Sayão informou que o grupo de controladores supostamente co-responsáveis pela queda não foi indiciado até o momento por ser ligado à Aeronáutica. Pela lei, os controladores estão sujeitos à Justiça Militar e não à Justiça Federal, como os pilotos do Legacy. Assim, após a conclusão do inquérito, todos os indícios da eventual responsabilidade dos controladores serão remetidos à Justiça Militar.

Na última semana, a Justiça de Sinop, no Mato Grosso, onde tramita o inquérito da PF, concedeu mais 30 dias para a conclusão das investigações. Para o delegado, o tempo é exíguo. Em sua avaliação, os laudos das caixas pretas que fizeram os registros de voz e de operação dos instrumentos do Legacy ainda consumirão dos peritos mais 45 dias de trabalho.





Fonte: AE

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