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Número de usinas deve aumentar 30% em cinco anos
No decorrer de 2007, 16 novas usinas de açúcar e álcool combustível devem entrar em operação nos estados do Centro-sul – que respondem por mais de 85% da produção do país. No ano passado, 12 começaram a produzir na região, e o ritmo de expansão só faz crescer. De acordo com projeções da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única), que reúne os maiores empresários do setor sucroalcooleiro, o número de unidades saltará dos atuais 248 para 325 até a safra 2012/2013. Estão previstos investimentos da ordem de US$ 12,2 bilhões. Parte do dinheiro deve sair dos cofres públicos, através de linhas especiais de financiamento oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Usineiros e o próprio governo federal comemoram a boa fase desse expressivo segmento do agronegócio nacional. Mas o mesmo não se pode dizer de militantes de movimentos sociais. “A monocultura sempre traz efeitos nefastos. A cana não trouxe benefícios para as populações dos locais onde ela se instalou, como distribuição de renda e melhoria da qualidade de vida”, afirma Ariovaldo Umbelino de Oliveira, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). “Se isso tivesse ocorrido, o Nordeste brasileiro seria muito rico. Mesmo na região de Ribeirão Preto, apelidada de 'Califórnia brasileira', os índices de desenvolvimento social são mais significativos nas áreas em que se produz laranja”, completa.
Vários são os fatores que explicam o processo de crescimento do setor. As exportações, por exemplo, caminham a passos largos: em 2006, as vendas para mercados externos dos produtos obtidos a partir da cana somaram R$ 8 bilhões, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Nos Estados Unidos, Japão e nações da Europa, existe um crescente interesse pela substituição dos combustíveis fósseis desde o aumento dos preços do barril do petróleo, a partir de 2003”, explica Giovana Araújo, economista da Datagro, consultoria especializada na área. No mercado interno, a explosão da frota de veículos bicombustíveis também acena com um futuro promissor para os usineiros. Hoje, de cada dez carros vendidos, oito podem escolher encher os tanques com álcool ou gasolina.
Se as previsões da Única se confirmarem, a cana abocanhará mais de 9,5 milhões de hectares das terras agricultáveis brasileiras em meados da próxima década. Uma expansão superior a 50% das áreas cultivadas atualmente com essa lavoura. As plantações deverão avançar principalmente sobre o Triângulo Mineiro, o Sul de Goiás e o Leste do Mato Grosso do Sul, substituindo as lavouras de laranja e, principalmente, áreas de pastagens – atividades tocadas em geral por grandes produtores. “Esse crescimento se dá no entorno do interior de São Paulo, o grande centro produtor do país”, explica Ângelo Bressan, diretor do Departamento de Açúcar e Álcool do Mapa.
Atualmente, o estado contribui com 72% de toda cana produzida no Centro-sul, e representa o coração da indústria sucroalcooleira nacional. Na avaliação de Giovana, ainda há espaço no Oeste de São Paulo – principalmente na região de São José do Rio Preto e Araçatuba – para a formação de canaviais e a construção de usinas. Porém, o preço mais baixo das terras em outras unidades da federação, notadamente no Centro-oeste, onde se localiza grande parte dos latifúndios brasileiros, está pesando na definição de novos investimentos.
É o caso do Mato Grosso do Sul, onde o número de unidades produtoras de açúcar e álcool deve dobrar nos próximos cinco anos, chegando a 18. Nunca é demais lembrar que, em 2005, o projeto de instalação de uma usina nas imediações do Pantanal – que colocava em risco a natureza, segundo o próprio Ministério do Meio Ambiente – levou o ambientalista Francisco Anselmo Barros a atear fogo ao próprio corpo. “Mas existem outras áreas no estado onde há espaço para o cultivo da cana”, alega Bressan. “A questão ambiental não será um problema.”
Questões trabalhistas também estão implicadas nesse processo de expansão da cana. Em junho de 2005, por exemplo, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) libertou mais de mil pessoas em condições análogas às de escravos das plantações que abasteciam a Destilaria Gameleira, localizada em Confresa (MT). A situação de peões pobres do nordeste e do Vale do Jequitinhonha (MG), que migram em busca de serviço pesado nos canaviais, é uma das principais manchas que maculam a imagem do setor sucroalcooleiro. Porém, segundo Oliveira, a expansão da cana não deve contribuir para a geração massiva de postos de emprego. “O setor está indo na direção da mecanização”, explica o professor. Em estados como Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná, o corte manual deverá ser substituído por máquinas colheitadeiras.
Em São Paulo, a mecanização também segue passos firmes, mas o emprego da mão-de-obra dos chamados bóias-frias ainda é bastante arraigada no sistema de produção. “Lá os problemas são muito graves, pois os trabalhadores competem com as máquinas”, acrescenta Oliveira. O professor também destaca outro possível problema: o agravamento da concentração fundiária. Por requerer grandes extensões de terra, a cana pode asfixiar o desenvolvimento de outras lavouras.
Usineiros e o próprio governo federal comemoram a boa fase desse expressivo segmento do agronegócio nacional. Mas o mesmo não se pode dizer de militantes de movimentos sociais. “A monocultura sempre traz efeitos nefastos. A cana não trouxe benefícios para as populações dos locais onde ela se instalou, como distribuição de renda e melhoria da qualidade de vida”, afirma Ariovaldo Umbelino de Oliveira, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). “Se isso tivesse ocorrido, o Nordeste brasileiro seria muito rico. Mesmo na região de Ribeirão Preto, apelidada de 'Califórnia brasileira', os índices de desenvolvimento social são mais significativos nas áreas em que se produz laranja”, completa.
Vários são os fatores que explicam o processo de crescimento do setor. As exportações, por exemplo, caminham a passos largos: em 2006, as vendas para mercados externos dos produtos obtidos a partir da cana somaram R$ 8 bilhões, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Nos Estados Unidos, Japão e nações da Europa, existe um crescente interesse pela substituição dos combustíveis fósseis desde o aumento dos preços do barril do petróleo, a partir de 2003”, explica Giovana Araújo, economista da Datagro, consultoria especializada na área. No mercado interno, a explosão da frota de veículos bicombustíveis também acena com um futuro promissor para os usineiros. Hoje, de cada dez carros vendidos, oito podem escolher encher os tanques com álcool ou gasolina.
Se as previsões da Única se confirmarem, a cana abocanhará mais de 9,5 milhões de hectares das terras agricultáveis brasileiras em meados da próxima década. Uma expansão superior a 50% das áreas cultivadas atualmente com essa lavoura. As plantações deverão avançar principalmente sobre o Triângulo Mineiro, o Sul de Goiás e o Leste do Mato Grosso do Sul, substituindo as lavouras de laranja e, principalmente, áreas de pastagens – atividades tocadas em geral por grandes produtores. “Esse crescimento se dá no entorno do interior de São Paulo, o grande centro produtor do país”, explica Ângelo Bressan, diretor do Departamento de Açúcar e Álcool do Mapa.
Atualmente, o estado contribui com 72% de toda cana produzida no Centro-sul, e representa o coração da indústria sucroalcooleira nacional. Na avaliação de Giovana, ainda há espaço no Oeste de São Paulo – principalmente na região de São José do Rio Preto e Araçatuba – para a formação de canaviais e a construção de usinas. Porém, o preço mais baixo das terras em outras unidades da federação, notadamente no Centro-oeste, onde se localiza grande parte dos latifúndios brasileiros, está pesando na definição de novos investimentos.
É o caso do Mato Grosso do Sul, onde o número de unidades produtoras de açúcar e álcool deve dobrar nos próximos cinco anos, chegando a 18. Nunca é demais lembrar que, em 2005, o projeto de instalação de uma usina nas imediações do Pantanal – que colocava em risco a natureza, segundo o próprio Ministério do Meio Ambiente – levou o ambientalista Francisco Anselmo Barros a atear fogo ao próprio corpo. “Mas existem outras áreas no estado onde há espaço para o cultivo da cana”, alega Bressan. “A questão ambiental não será um problema.”
Questões trabalhistas também estão implicadas nesse processo de expansão da cana. Em junho de 2005, por exemplo, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) libertou mais de mil pessoas em condições análogas às de escravos das plantações que abasteciam a Destilaria Gameleira, localizada em Confresa (MT). A situação de peões pobres do nordeste e do Vale do Jequitinhonha (MG), que migram em busca de serviço pesado nos canaviais, é uma das principais manchas que maculam a imagem do setor sucroalcooleiro. Porém, segundo Oliveira, a expansão da cana não deve contribuir para a geração massiva de postos de emprego. “O setor está indo na direção da mecanização”, explica o professor. Em estados como Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná, o corte manual deverá ser substituído por máquinas colheitadeiras.
Em São Paulo, a mecanização também segue passos firmes, mas o emprego da mão-de-obra dos chamados bóias-frias ainda é bastante arraigada no sistema de produção. “Lá os problemas são muito graves, pois os trabalhadores competem com as máquinas”, acrescenta Oliveira. O professor também destaca outro possível problema: o agravamento da concentração fundiária. Por requerer grandes extensões de terra, a cana pode asfixiar o desenvolvimento de outras lavouras.
Fonte:
Repórter Brasil
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