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Economia
Quinta - 18 de Janeiro de 2007 às 16:33

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A Telefônica comunicou na quarta-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que vai investir R$ 15 bilhões no Brasil nos próximos quatro anos. O anúncio foi feito pelo presidente mundial do grupo, César Alierta, que esteve no Palácio do Planalto. Os recursos serão aplicados em telefonia fixa e telefonia móvel, serviços de internet e em centrais de atendimento ao cliente (call centers).

Os investimentos anunciados ontem representam mais da metade do que foi aplicado pelo grupo espanhol no Brasil nos últimos 10 anos. Segundo nota distribuída pela empresa, a Telefônica já investiu R$ 28,9 bilhões na ampliação de modernização de suas redes, produtos e serviços. Nessa conta, não entram os gastos com a aquisição de outras empresas.

Os investimentos no Brasil representam cerca de um quarto do investimento mundial do grupo espanhol, atrás somente da Espanha, que fica com cerca de 30% das aplicações. Os países da América Latina onde a Telefônica está presente, incluindo o Brasil, levam em média 40% de todos os recursos.

Lula

Acompanharam Alierta no encontro com Lula o presidente da Telefónica Latinoamerica, José-Maria Alvarez Pallete, o novo presidente do grupo no Brasil, Antonio Carlos Valente, e seu antecessor, Fernando Xavier. Valente, que foi conselheiro da Anatel, foi apresentado oficialmente a Lula como novo presidente do grupo no Brasil.

Além da telefonia e da internet, a Telefônica se lançou também no mercado de TV por assinatura. A Telefônica começou a operar em novembro uma parceria com a empresa DTHi para oferecer serviço de TV por assinatura via satélite no Estado de São Paulo. A Telefônica também aguarda a resposta da Anatel a um pedido feito para operar diretamente esse serviço, com uma licença própria.

A Telefônica investiu ainda em outra frente no mercado de TV paga, com a compra da TVA, do Grupo Abril, que possui o serviço via cabo e microondas terrestres (MMDS). Também neste caso a Telefônica aguarda aprovação da Anatel.

A Telefônica informou também ao presidente que inaugurará nas próximas semanas o novo call center Atento, que irá gerar cerca de 6 mil empregos diretos. A empresa tem investimentos em telefonia fixa em São Paulo, é sócia da operadora de celulares Vivo, controla o provedor de internet Terra e a Atento.

Porto seguro

O investimento da Telefônica tem dois significados importantes para o Brasil. Um deles, segundo o economista Sérgio Vale, da MB Associados, é o sinal que o País passou a ser identificado como um porto seguro na América Latina. A Telefônica está presente em doze países da região, alguns deles com bastante agitação política. Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez anunciou a estatização de empresas de eletricidade e telefonia. Evo Morales, da Bolívia, nacionalizou a produção de gás e petróleo, e Rafael Correa, do Equador, fala em dar o calote na dívida externa.

"Está sobrando pouco espaço seguro para os investidores", diz Vale. "A Telefônica pode desviar investimentos da Venezuela, Equador e Argentina para o Brasil." O maior concorrente da Telefônica na região, a Telmex, do empresário mexicano Carlos Slim, já havia anunciado que buscaria "novas oportunidades" de investimento na América Latina, após ver frustrados seus planos de comprar parte da Companhia Anônima Nacional Telefones de Venezuela (Cantv). ´Mesmo com toda a polêmica com a privatização no Brasil, ninguém acha que o processo será revertido", diz Vale.

Outro significado importante do anúncio da Telefônica é a dimensão do investimento. A Telefônica vai investir mais do que todas as montadoras de automóveis no País nos próximos cinco anos. Elas falam em aplicar R$ 10 bilhões até 2011. Os números da companhia espanhola são comparáveis apenas aos da Vale do Rio Doce, que só em 2006 investiu US$ 4,6 bilhões, sem contar a compra da mineradora canadense Inco.

"A iniciativa da Telefônica é um sinal importante porque os investimentos no País têm sido concentrados em setores como mineração e siderurgia", diz Vale. "Outros setores ainda enfrentam grande dificuldade para investir, seja por questões burocráticas ou de mercado."





Fonte: Estadão

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