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Cidades/Geral
Quinta - 18 de Janeiro de 2007 às 06:43
Por: Josi Costa

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Consumir água de qualidade é um direito e requisito essencial para ter boa saúde. Segundo relatório das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 5,33% das crianças e adolescentes vivem em casas sem acesso a água e 13,95% sem estrutura sanitária. Os números têm como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e expõe o mapa da desigualdade na oferta de água.

Estima-se que mais de 35 milhões de brasileiros sobrevivam nessas condições, sobretudo no Nordeste, que possui apenas 3% de toda água disponível no país. Para conhecer os mais castigados com a escassez, basta se afastar da região central. Quanto mais pobre, maior a sede. A ocupação irregular, os "grilos", são desafios à oferta de serviços públicos como transporte, água, luz, esgoto e asfalto.

Apesar do nome sugestivo, o bairro Águas Nascentes, na periferia de Cuiabá, é a ilustração de todas essas necessidades. A rua das Colinas define bem o morro onde vivem pelo menos 200 famílias carentes. Muitas delas, abaixo da linha de pobreza. Enquanto em bairros centrais a água jorra das torneiras 24 horas, na maioria das casas da rua Brasil, a única fonte é uma caixa de água, que é abastecida por caminhões-pipa. Ou ainda, de ligações clandestinas, que conduzem a água da rede da região da Casa de Amparo Mãe Joana, por canos emendados, aqui acolá, sujeitos a contaminação.

A população reclama que o reservatório já ficou até dias sem água. "Já cheguei a trazer garrafa de água da casa da minha sogra pra beber e cozinhar", reclama a diarista Irinir Candelária Lemos da Silva, 45. O céu é a única garantia de água naquela comunidade. "Aqui a gente só tem certeza que tem água quando chove", afirma. "É o seu João (morador do Jardim Florianópolis) quem socorre a gente", completa.

Na rua Rio de Janeiro, o ajudante geral, Ageleu Marques de Souza, 58, arranca, contrariado, os canos que garantiam água ao seu casebre. As máquinas da prefeitura tentavam aplainar as vias estreitas para melhorar o tráfego para os moradores. "A rua vai ficar melhor, mas eu vou ficar sem água", insistia Souza. No quintal ao lado, Davi, 3, se frustra ao ver que a mangueira de onde vinha água para encher a pequena caixa está seca. Na casa do garoto, ninguém pode gastar mais de 20 litros para tomar banho.

O presidente do bairro, Tércio Sérgio de Miranda, ouve a reclamação sobre falta de água resignado e garante que a prefeitura já conhece o problema e está construindo casas para remover as famílias. "Foi um erro político essa ocupação", resume, ao se referir ao bairro de terreno de ladeiras e morros.




Fonte: A Gazeta

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