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Internacional
Quinta - 18 de Janeiro de 2007 às 06:31

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O ano de 2006 registrou o surgimento de tendências "preocupantes" que representam graves ameaças para a expansão da liberdade no mundo, afirmou um relatório divulgado hoje pelo centro de estudos "Freedom House".

Como exemplo, o documento cita a aparição de um regime autoritário na Venezuela e em outros países, assim como um enfraquecimento democrático em outros como Brasil, México e Argentina.

O relatório, intitulado "Liberdade no mundo 2007", assinala que a porcentagem de países considerados livres não mudou durante quase uma década, e sugere que "uma estagnação da liberdade" poderia estar ocorrendo.

A Freedom House, cujo relatório é divulgado pelo Departamento de Estado americano, se descreve como "uma organização não partidária e sem fins lucrativos", que é "uma voz clara em favor da democracia e da liberdade no mundo".

A organização indicou que a fraqueza das instituições democráticas, algo que impede o progresso, continua existindo em vários países, apesar da realização de eleições democráticas.

"Embora nos últimos 30 anos importantes avanços para a liberdade política tenham sido alcançados no mundo, o número de países livres não mudou desde 1998", diz Jenninfer Windsor, diretora-executiva da Freedom House.

Segundo o estudo, foram registrados retrocessos da liberdade em vários países da região Ásia-Pacífico, uma queda mais moderada na África e uma solidificação do regime autoritário na maioria dos países da ex-União Soviética.

A Freedom House classifica os países como "Livres", "Parcialmente Livres" e "Não Livres", de acordo com o nível democrático de cada um.

Segundo a organização, no ano passado houve uma mudança positiva na situação democrática de três países: a Guiana avançou de "Parcialmente Livre" para "Livre", e o Haiti e o Nepal passaram de "Não Livres" a "Parcialmente Livres.

Na contramão, a Tailândia e o Congo foram de "Parcialmente Livres" a "Não Livres".

Sobre a situação da liberdade no continente americano, a Freedom House manifestou que, de um total de 35 países, 25 são "Livres" (71%), 9 são "Parcialmente Livres" (26%) e apenas 1 - Cuba - é "Não Livre" (3%).

Acrescentou ainda que, na América Latina, 2006 se caracterizou pelo número "impressionante" de eleições livres em democracias relativamente novas, que passam por momentos de "agitação social".

O estudo indicou que os obstáculos contra a democracia se refletiram nos embates contra a liberdade lançados por regimes autoritários, incluindo a Venezuela, a Rússia, a China, o Irã e o Zimbábue, o que representa uma ameaça para os avanços obtidos nos últimos 30 anos.

A Freedom House também assinalou que foram registrados problemas nos Estados Unidos, incluindo uma série de casos de corrupção e de fraqueza na aplicação de leis que permitem aos trabalhadores negociarem seus contratos de trabalho.

Além disso, as políticas antiterroristas do Governo do presidente George W. Bush causaram uma constante preocupação em relação à proteção das liberdades civis.

O estudo indicou que, em escala global, o número de países considerados "Livres" em 2006 se manteve em 90; 58 foram considerados "Parcialmente Livres", e 45 "Não Livres".

Vários países que apresentaram uma queda durante o ano já eram considerados os mais repressivos do mundo, como Mianmar, Zimbábue, Somália, Irã e Eritréia.

Mas também houve retrocessos em vários considerados "Livres" ou "Parcialmente Livres", mas cujas instituições democráticas continuam sendo frágeis, assim como em sociedades que já tinham demonstrado um bom nível de estabilidade democrática.

Entre estes últimos, a Freedom House inclui Brasil, Argentina, África do Sul, Quênia, Taiwan, Filipinas, México e Hungria.

"O ano de 2006 não foi bom para a liberdade, e a tendência da última década é ainda mais preocupante", assinalou Arch Puddington, diretor de pesquisas da Freedom House.

"Não só não vimos avanços importantes, como vimos o surgimento de regimes autoritários: Rússia, Venezuela e Irã são bons exemplos, pois são hostis à democracia e estão decididos a reprimir todos os partidários internos da liberdade", assinalou.




Fonte: Agência EFE

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