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BM&F não descarta fusão com Bovespa, diz presidente
O presidente da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), Manoel Félix Cintra Neto, disse nesta quarta-feira que a bolsa "não descarta a possibilidade" de uma fusão com a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), quando questionado sobre o processo de desmutualização dos dois mercados. "Hoje não há nada sendo cogitado, mas não podemos afastar essa hipótese."
Segundo ele, a BM&F deve encerrar a fase de preparação interna para se transformar em entidade com fins lucrativos no período de 3 a 4 meses. Ele lembrou que o contrato com o Rotschild, realizado no final de 2006 para assessoria nos estudos sobre a conveniência da desmutualização já terminou. A Bolsa ainda não definiu se continuará com a instituição ou se contratará uma outra assessoria para a próxima fase do processo.
Ainda de acordo com Cintra Neto, se a BM&F decidir pelo lançamento de ações, "do ponto de vista prático, podemos fazer isso até o final deste ano". O presidente da BM&F disse que, das 35 bolsas mais importantes do mundo, 30 já são desmutualizadas.
Metais - A BM&F pretende iniciar negócios no mercado de hedge de metais não ferrosos em meados deste ano. Segundo Cintra Neto, inicialmente a Bolsa pretende lançar contratos a termo e de opções flexíveis sobre alumínio, chumbo, cobre, estanho, níquel, prata e zinco.
O diretor de produtos financeiros e ambientais da BM&F, Álvaro Affonso Mendonça, disse que a idéia surgiu a partir da demanda de produtores domésticos e também da relevância desse setor no País. Em 2006, o segmento representou 3% do saldo do balanço de pagamentos brasileiro e 4,5% do PIB.
Segundo Mendonça, a iniciativa de criação desse nicho no Brasil ganhou fôlego com a migração crescente dos consumidores desses mercados para regiões emergentes. "As bolsas de Londres e Nova York são muito fortes porque todos os clientes estavam nos Estados Unidos e Europa." Ele disse ainda que a vantagem de negociação pela BM&F será a forma de margear contratos, com produtos mais "confortáveis" para companhias que já estão na região.
A BM&F fechou o ano passado com volume financeiro total de US$ 10,611 trilhões, um aumento de 38,91% sobre 2005. O número total de contratos, incluindo as opções mini, cresceu 42,17%, para 283,572 milhões.
Álcool - Segundo Cintra Neto, a BM&F pretende incentivar seu mercado de negociação de álcool. De acordo com ele, em 2006 essa área não se desenvolveu conforme o esperado. "Tivemos dificuldades, vários entraves. Mas queremos ser o principal centro negociador de álcool, pois o Brasil é o maior produtor mundial", afirmou durante almoço anual com a imprensa.
No ano passado, a BM&F transacionou 26,426 mil contratos de álcool, um aumento de apenas 3,5% sobre o ano anterior. Para efeitos de comparação, seu principal mercado, o de café, cresceu 10,1%, para 561,4 mil contratos. "Estamos conversando com o governo para eliminar empecilhos como, por exemplo, a incidência de PIS e Cofins sobre operações de hedge sem entrega física. Atualmente, todas as operações de hedge são tributadas."
Cintra Neto comentou ainda sobre o mercado de carbono. Segundo ele, o banco de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da BM&F já conta com o registro de duas propostas validadas, além de outras quatro intenções de compra de créditos de carbono. Há também um pedido de registro de uma intenção de projeto, em avaliação pela Bolsa.
Leilões globais - Nesse primeiro semestre, a BM&F pretende lançar um sistema de leilões globais, via Internet, para a negociação de créditos de carbono. Essa plataforma será inicialmente voltada para a transação no mercado à vista, e oferece maior facilidade de acesso aos projetos, inclusive os de pequena escala, de acordo com a Bolsa.
A BM&F também quer desenvolver, entre 2007 e 2008, um programa de conscientização ambiental e de institucionalização do mercado de carbono no País, com apoio do Banco Mundial (Bird). Para isso, está fechando com o Bird financiamento de US$ 900 mil. Os recursos irão para estudos de mercado, desenvolvimento de metodologias e realização de eventos de capacitação.
Fonte:
Estadão
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