Assustado, médico deixa o plantão de policlínica por falta de segurança

O médico Werler Silva Pires, de 31 anos, abandonou por volta das 21 horas de ontem o plantão da Policlínica do Planalto, localizada na Avenida dos Trabalhadores, em Cuiabá. Motivo: medo por falta de segurança no local. No local, segundo denúncia do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso, já existiu até cobrança de “pedágio” de bandidos para não assaltar médicos, funcionários e pacientes da policlínica.

As explicações do médico ao registrar ocorrência na Central de Ocorrências da Delegacia Metropolitana foram convincentes. Ele contou à Polícia que ao assumir seu posto de médico na Policlínica do Planalto às 19 horas de ontem, e atender cerca de 17 pacientes, sentiu medo pela falta de segurança no local, antes alvo de constantes assaltos, inclusive a médicos com reféns.

Ontem, ao perceber que no local não havia nenhum vigilante, muito menos um policial militar, Werley resolveu deixar o plantão. Ao ser procurado pela reportagem para uma falar sobre o assunto, no entanto, o médico não quis dar entrevista. “Vocês podem copiar o que está na ocorrência. Agora dar entrevista eu não posso”, alegou Werlei Pires.

O médico Luiz Carlos Alvarenga, 58, membro da diretoria do Sindicato dos Médicos, no entanto, confirmou a falta de segurança, não apenas na Policlínica do Planalto, mais em todas as outras policlínicas da Capital. “Não falta segurança apenas para os médicos, mas também para os funcionários e para as pessoas que procuram atendimento médico”, denunciou Alvarenga.

O sindicalista também confirmou, que o Sindicato já fez diversas denúncias, inclusive com ofícios para a Prefeitura de Cuiabá, para as Secretarias de Saúde do Estado e da Prefeitura e para a Secretaria de Segurança, mas que o problema continua. “Não sei o que está acontecendo. Só sei que ninguém resolve nada e o problema continua”, afirma.

Alvarenga conta que além dos constantes assaltos e de depredação de veículos, os bandidos costumam realizar até pedágio na frente, principalmente da Policlínica do Planalto para cobrar para não assaltar. “É um absurdo, mas os bandidos cobram pedágio para não assaltar”, confirma Alvarenga.

O diretor do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso conclui: “Nossa orientação é para que os médicos deixem o local de trabalho e registrem uma ocorrência policial em caso de falta de segurança. Não dá para trabalhar sem segurança, nem os médicos, nem os funcionários, nem os pacientes se sentem seguros”.