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Economia
Sábado - 23 de Março de 2013 às 13:42

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 O envase de 96 unidades de suco AdeS com uma solução de soda cáustica foi resultado de uma combinação de falha humana e mecânica que durou 80 segundos, de acordo com Fernando Fernandez, presidente da Unilever.

"O operário não detectou o final da produção de um lote. Daí, colocou o equipamento para funcionar de novo. E o equipamento permitiu o envase de uma solução de higienização", disse à Folha.

Editoria de Arte/Folhapress

Após ter sido notificada por sua Central de Atendimento ao Consumidor, a Unilever demorou quatro dias para diagnosticar o problema.

A empresa recebeu e-mail de um cliente de Ribeirão Preto reclamando de ardência na boca no dia 7. Tentou contato no dia seguinte, mas só conseguiu localizar o consumidor e combinar o recolhimento do produto no dia 9.

A coleta foi feita no dia 11, e a análise, no dia 12. O anúncio público do recall e a retirada do produto das gôndolas viria no dia 13.

É a primeira vez em seus 83 anos no Brasil que a Unilever encara um problema de saúde pública.

Quatro mil pessoas, entre vendedores e operadores de estoque, foram mobilizadas para rastrear em três Estados (São Paulo, Rio e Paraná) as 96 unidades contaminadas -46 foram localizadas.

Ingerida, a solução pode causar queimaduras na boca e no sistema digestivo. Catorze já foram reportados.

"Temos que pedir desculpas. O AdeS no Brasil tem uma história de 15 anos que não merece um problema como esse", afirma Fernandez, que diz ter redobrado procedimentos de segurança.

Por ordem da Anvisa, toda a produção e comercialização de AdeS na linha que apresentou problema foi interrompida. Outras dez linhas de produção da mesma fábrica continuam em operação.

A vigilância sanitária determinou que a linha de produção fique paralisada até que seja comprovado o cumprimento das normas de segurança determinadas. O total de multas pode chegar a mais de R$ 8 milhões.

Leia os principais trechos da entrevista:

Folha - Por que a Unilever demorou quatro dias para realizar o exame do produto contaminado?
Fernando Fernandez - Sempre que há suspeita sobre danos de saúde, entramos em contato imediatamente. Recebemos 22 mil contatos por mês, nosso SAC tem 160 pessoas. Veio o final de semana e até localizar o consumidor e conseguir uma amostra da bebida, foram quatro dias. A análise evidenciou esse problema e decidimos retirar o produto do mercado.

Por que o problema não foi detectado na fábrica? Houve falha humana?
Foi uma combinação de falha humana e mecânica. Na verdade foram quatro erros. Primeiramente, o operário não detectou o final da produção de um lote. Depois, colocou o equipamento para funcionar de novo. E o equipamento permitiu o envaze de uma solução de limpeza. Por fim, o próprio operário percebeu o erro, e não recolheu os produtos.

Quais as consequências?
A consequência são queimaduras leves na boca. Mas ninguém foi hospitalizado e houve um só caso em que o consumidor precisou ser medicado com anti-ácido. Estamos oferecendo assistência médica premium em toxicologia para quem nos procurar.

Apenas 46 unidades foram localizadas. E as outras 50?
Mobilizamos mais de 4.000 pessoas para tentar localizá-las. Pedimos que os consumidores nos avisem. E pode ter acontecido de algumas terem sido jogadas no lixo por consumidores que souberam da notificação de nosso recall, mas não nos avisaram.

Que outras medidas estão sendo implementadas?
Houve uma revisão completa do equipamento e do software. Triplicamos nosso staff de atendimento no SAC. Também implementamos cinco novas medidas no processo de fabricação, como o aumento da quantidade de amostra de coletas.






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