Quinze pessoas são intimadas a depor sobre irregularidades na Prefeitura de Alto Boa Vista

A Polícia Civil está investigando denúncias de fraudes na Prefeitura de Alto Boa Vista (1.063 quilômetros de Cuiabá) e intimou 15 pessoas para depor sobre as supostas irregularidades. A suspeita é de que a administração municipal estaria usando notas frias para desviar dinheiro público.

A Operação Boa Vista, deflagrada nesta segunda-feira, cumpriu sete mandados de busca e apreensão na prefeitura municipal, na Secretária de Finanças, nas residências de alguns secretários municipais e do prefeito Mário César Barbosa, além de escritórios de contabilidade em São Felix do Araguaia. As irregularidades teriam acontecido entre 2002 e 2005. Entre os suspeitos estaõ o prefeito de Alto Boa Vista, o presidente da Câmara de Vereadores e dois secretários municipais.

Denúncias encaminhadas à Delegacia Fazendária revelaram que diversos processos teriam sido empenhados utilizando-se de documentos fiscais oriundos do Estado de Goiás e Tocantins, os quais, após submetidos a verificação prévia na origem, demonstrariam tratar-se de documentos fiscais fraudulentos — como "notas fiscais falsas e notas clonadas". A delegada Alana Cardoso explica que as notas fiscais falsas seriam usadas para justificar a saída de dinheiro da Prefeitura.

A polícia descobriu semelhanças com o esquema fraudulento na Prefeitura de Confresa, onde o ex-prefeito Iron Marques Parreira e mais seis pessoas foram presas. As notas fiscais frias teriam sido fornecidas pela mesma quadrilha, que tem sede no Tocantins e ramificações em Goiás e Distrito Federal. "Nós pretendemos analisar os processos licitatórios, verificar se houve simulação de procedimentos licitatórios tal qual ocorreu em Confresa, além de verificar a quantidade de notas fiscais falsas usadas nas fraudes", observou a delegada.

Contas rejeitadas

Desde 2002, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) vem rejeitando, sistematicamente, as prestações de conta do município. No entanto, como o prefeito tem maioria na Câmara, o parecer do TCE sempre era rejeitado. Segundo a polícia, o esquema foi bem planejado para não levantar suspeitas.

O vereador Alaor Ferreira, que faz oposição ao prefeito na cidade, alega que os supostos desvios de verbas na Prefeitura causaram prejuízos para a cidade. "Ambulâncias quebradas, ônibus escolares estão todos sucateados e jogados no pátio da Prefeitura. Muitas vezes é cortada a energia dos órgãos públicos, postos de saúde, colégio", disse o vereador.

O prefeito foi procurado pela reportagem da TV Centro América para falar sobre o assunto, mas não foi localizado.