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Saúde
Segunda - 15 de Janeiro de 2007 às 06:49

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Nas últimas décadas, as mulheres entraram com força no mercado de trabalho e ganharam posições de destaque em muitas empresas. Por vezes, tornaram-se as principais provedoras de muitas famílias. Com isso, provaram poder ser profissionais competentes, mas passaram a sofrer o efeito colateral do acúmulo de tarefas e responsabilidades.

Segundo a American Heart Association, há 10 anos, a proporção era de nove infartos em homens para cada caso em mulheres nos EUA. Hoje, esse número caiu para seis casos masculinos para cada quatro femininos. No Brasil, um levantamento do Ministério da Saúde mostra que, em 1990, a relação de mortalidade por infarto entre mulheres era de 25 para cada 100 mil habitantes. Sete anos depois, subiu a 42 por cada 100 mil.

"De uns anos para cá, o papel da mulher na sociedade mudou muito. Ela assumiu dupla jornada de trabalho: dentro e fora de casa. O nível de estresse, no mínimo, tornou-se equivalente ao dos homens, e por vezes, até maior. Na maioria dos casos, não sobra tempo para praticar uma atividade física ou manter uma dieta saudável", analisa o cardiologista Antônio Carlos Carvalho.

Fatores de risco As mulheres não ganharam apenas espaço no mercado de trabalho. Ganharam também estresse, obesidade e hipertensão, alguns dos principais fatores de risco para as doenças do coração. Como se não bastasse, muitas ainda pensam que infarto, angina e arteriosclerose são "privilégios" dos homens e que, por isso, não precisam agendar visitas rotineiras ao cardiologista.

Esse é o caso da artesã Maria Sueli Bulhosa, 58 anos. Em 2000, ela procurou um clínico depois de uma crise de tosse. Com o raios-x em mãos, foi encaminhada ao cardiologista. Espantada, descobriu que havia sofrido um princípio de infarto: "Aprendi a me cuidar mais. Antes do susto, achava que só acontecia com os outros".

Hoje, Sueli procura controlar a pressão, manter uma alimentação regrada e evitar preocupações. Mãe de dois filhos, nem sempre consegue. "Apesar de os dois já estarem crescidos, me preocupo com eles. À noite, enquanto não chegam, não durmo sossegada", brinca.

Risco de infarto cresce com idade Para os especialistas, a chegada da menopausa deve servir de alerta para os riscos de doenças cardiovasculares entre as mulheres. Com a queda no nível de estrógeno no organismo, elas tendem a perder grande parte de sua proteção natural às doenças cardiovasculares. O hormônio é um grande aliado do coração porque estimula a dilatação dos vasos e facilita o fluxo sangüíneo, mesmo quando já existem placas de gordura estreitando o seu calibre.

"As doenças coronarianas em mulheres ocorrem numa idade mais avançada, quando a incidência é normalmente mais grave do que nos homens. O aumento da gravidade é proporcional à idade. O ideal é que as mulheres comecem a se preocupar com a saúde do coração o mais cedo possível para chegar à idade madura com segurança e tranqüilidade. O que não é aconselhável é a mulher só procurar o cardiologista após a menopausa", recomenda o cardiologista Hans Dohmann.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o cigarro continua a figurar como um dos grandes vilões das doenças cardiovasculares, principalmente quando associado às pílulas anticoncepcionais. Mas ele não é o único. A diabetes, a obesidade e o sedentarismo também contribuem para o desenvolvimento de doenças do coração. Uma das mais formas mais eficazes de prevenção é a prática de exercícios físicos. Uma simples caminhada de 40 minutos, três vezes por semana, reduz o risco de infarto em 50%.

"A menopausa é o gatilho que dispara as doenças cardiovasculares. A primeira e única medida de prevenção é manter o controle adequado dos fatores de risco, como fumo, diabetes e hipertensão. Na menopausa, esse controle inclui a visita ao cardiologista, no mínimo, de seis em seis meses. Depois de uma certa idade, as mulheres precisam aprender a cuidar dos problemas cardíacos tanto quanto dos ginecológicos", alerta Lúcia Pimenta.




Fonte: O Dia

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