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Mulheres policiais viram "isca" de traficantes
Elas são mulheres acima de qualquer suspeita. Mas por trás da beleza, voz doce e aparência discreta, estão uma delegada e três agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) do Rio de Janeiro. As quatro são do grupo de 50 policiais da especializada e o principal trunfo da equipe na captura dos traficantes de drogas do Estado.
"Elas serão uma espécie de 'isca', porque conseguem se infiltrar sem chamar atenção. Isso é fundamental para nosso trabalho", explica a delegada titular da DRE, Patrícia Aguiar de Paiva Ribeiro, 30 anos, a primeira mulher a comandar a unidade.
Para tornar expressivo o contingente da DRE - que passará a se chamar Divisão de Narcóticos -, está prevista a ida de mais mulheres para lá. Elas serão recrutadas na nova turma de policiais que espera ser chamada. Das três agentes já designadas - cujos nomes são mantidos em sigilo -, duas atuarão na linha de frente e uma será responsável pelas escutas telefônicas. Mas avisa: "Se precisar, estou pronta para o combate".
Paixão pelo trabalho Patrícia, que entrou para a polícia em 2001 e já trabalhou em delegacias distritais e especializadas, estava de licença-maternidade. Sua última lotação foi na 21ª DP (Bonsucesso). A delegada garante que nunca teve problemas no trabalho por ser mulher. Mas sobre isso, conta história curiosa.
"Na delegacia de Bonsucesso, atendi telefonema de uma senhora que se recusou a falar comigo porque sou mulher. Ela preferiu falar com um inspetor. Passei a ligação para ele. Fazer o quê?", diverte-se. Antes de entrar para a polícia, Patrícia só estudava e fez todo tipo de concurso público. Mas depois que se tornou delegada, abandonou os estudos. "Apaixonei-me pela profissão. Não quis saber de mais nada", contou.
Em investigações anteriores, as futuras agentes da unidade já se passaram por arquiteta, vendedora de cosméticos e até paciente de dentista em São Paulo. Tudo para conseguir informações sobre seus alvos. Assim, elas já ajudaram a prender vários bandidos sem dar nenhum tiro. "Dependendo do lugar em que estamos, mudamos até a maneira de falar", conta uma delas.
Lá, ela conheceu sua atual parceira de trabalho, que na 5ª DP (Gomes Freire) já atuava como trunfo da equipe do Grupo de Investigação Complementar.
"Meu trabalho passou a render muito mais quando ela veio trabalhar comigo. Mesmo eu estando ao lado de um homem, as pessoas desconfiavam", disse a outra, lembrando de uma investigação no Interior de Minas Gerais que resultou na prisão de um ladrão de carros. "Mineiro é muito desconfiado, por isso estarmos juntas foi fundamental. Fiquei horas num bar até conseguir o endereço do alvo. Quando descobri, ela foi para um bar em frente ao lugar para monitorar o bandido. Acionamos a equipe e o prendemos", disse.
"Matutos" na mira de câmeras de vídeo "Os fornecedores de drogas (matutos) do Estado serão nosso principal alvo. Para isso, vamos intensificar as investigações nas divisas do Estado", explicou Patrícia, cuja equipe contará ainda com mais uma aliada no combate ao tráfico: a tecnologia. A DRE, que se chamará Divisão de Narcóticos, será uma das primeiras a ter filmadoras e escutas, idéia que o chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, pretende levar para todas as unidades. O objetivo é captar em flagrante a ação dos bandidos e utilizar imagens e áudio como prova na Justiça.
Ser responsável por quem investiga a principal atividade criminosa do estado - o tráfico de drogas - não assusta Patrícia. Em 2004, ela foi delegada do Serviço de Repressão a Entorpecentes de Niterói (SRE/Niterói), na região metropolitana do Rio, onde investigou jovens traficantes de classe média do município. As três agentes já designadas para a DRE estão saindo da Divisão de Roubos e Furtos de Automóveis, de onde também virá boa parte da equipe.
Artifícios para flagrar e prender Muitas vezes, elas já conseguiram filmar bem de perto seus alvos no mundo do crime. "Num supermercado, eu fingi mostrar a filmadora para a minha amiga enquanto captava o bandido. Fomos também tentar comprar placas de carro sem documento e eu estava com a filmadora na mão. O atendente foi tão atencioso que deu até pena", conta uma delas, rindo.
Em São Paulo, outra agente chegou a fazer até raio-X da arcada dentária no mesmo dentista que investigavam - Davidson Canille Hartman, chamado de Químico, que foi preso ano passado. Naquele dia, elas se passaram por pacientes e conseguiram filmá-lo.
A dupla de mulheres também foi responsável por escoltar Nilson Duarte da Silva, o Pagodeiro, preso ano passado e acusado de ser um dos maiores assaltantes de carros nas vias expressas do Rio. "Ele foi para a delegacia no banco da viatura, entre nós duas, e suava de medo", divertem-se. Mas, em audiência sobre sua prisão, uma delas foi alvo de preconceito por parte do advogado de Pagodeiro. "Ele perguntou à juíza: 'Se meu cliente é tão perigoso, como pode ter sido escoltado por duas mulheres?' Eu disse que era policial e que não tive treinamento diferente dos homens", contou.
Elas nem sempre só prendem ou colhem informações. "Quando os bandidos estão com filhos, somos responsáveis por distraí-los para que não vejam o pai sendo preso. É triste."
"Elas serão uma espécie de 'isca', porque conseguem se infiltrar sem chamar atenção. Isso é fundamental para nosso trabalho", explica a delegada titular da DRE, Patrícia Aguiar de Paiva Ribeiro, 30 anos, a primeira mulher a comandar a unidade.
Para tornar expressivo o contingente da DRE - que passará a se chamar Divisão de Narcóticos -, está prevista a ida de mais mulheres para lá. Elas serão recrutadas na nova turma de policiais que espera ser chamada. Das três agentes já designadas - cujos nomes são mantidos em sigilo -, duas atuarão na linha de frente e uma será responsável pelas escutas telefônicas. Mas avisa: "Se precisar, estou pronta para o combate".
Paixão pelo trabalho Patrícia, que entrou para a polícia em 2001 e já trabalhou em delegacias distritais e especializadas, estava de licença-maternidade. Sua última lotação foi na 21ª DP (Bonsucesso). A delegada garante que nunca teve problemas no trabalho por ser mulher. Mas sobre isso, conta história curiosa.
"Na delegacia de Bonsucesso, atendi telefonema de uma senhora que se recusou a falar comigo porque sou mulher. Ela preferiu falar com um inspetor. Passei a ligação para ele. Fazer o quê?", diverte-se. Antes de entrar para a polícia, Patrícia só estudava e fez todo tipo de concurso público. Mas depois que se tornou delegada, abandonou os estudos. "Apaixonei-me pela profissão. Não quis saber de mais nada", contou.
Em investigações anteriores, as futuras agentes da unidade já se passaram por arquiteta, vendedora de cosméticos e até paciente de dentista em São Paulo. Tudo para conseguir informações sobre seus alvos. Assim, elas já ajudaram a prender vários bandidos sem dar nenhum tiro. "Dependendo do lugar em que estamos, mudamos até a maneira de falar", conta uma delas.
Lá, ela conheceu sua atual parceira de trabalho, que na 5ª DP (Gomes Freire) já atuava como trunfo da equipe do Grupo de Investigação Complementar.
"Meu trabalho passou a render muito mais quando ela veio trabalhar comigo. Mesmo eu estando ao lado de um homem, as pessoas desconfiavam", disse a outra, lembrando de uma investigação no Interior de Minas Gerais que resultou na prisão de um ladrão de carros. "Mineiro é muito desconfiado, por isso estarmos juntas foi fundamental. Fiquei horas num bar até conseguir o endereço do alvo. Quando descobri, ela foi para um bar em frente ao lugar para monitorar o bandido. Acionamos a equipe e o prendemos", disse.
"Matutos" na mira de câmeras de vídeo "Os fornecedores de drogas (matutos) do Estado serão nosso principal alvo. Para isso, vamos intensificar as investigações nas divisas do Estado", explicou Patrícia, cuja equipe contará ainda com mais uma aliada no combate ao tráfico: a tecnologia. A DRE, que se chamará Divisão de Narcóticos, será uma das primeiras a ter filmadoras e escutas, idéia que o chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, pretende levar para todas as unidades. O objetivo é captar em flagrante a ação dos bandidos e utilizar imagens e áudio como prova na Justiça.
Ser responsável por quem investiga a principal atividade criminosa do estado - o tráfico de drogas - não assusta Patrícia. Em 2004, ela foi delegada do Serviço de Repressão a Entorpecentes de Niterói (SRE/Niterói), na região metropolitana do Rio, onde investigou jovens traficantes de classe média do município. As três agentes já designadas para a DRE estão saindo da Divisão de Roubos e Furtos de Automóveis, de onde também virá boa parte da equipe.
Artifícios para flagrar e prender Muitas vezes, elas já conseguiram filmar bem de perto seus alvos no mundo do crime. "Num supermercado, eu fingi mostrar a filmadora para a minha amiga enquanto captava o bandido. Fomos também tentar comprar placas de carro sem documento e eu estava com a filmadora na mão. O atendente foi tão atencioso que deu até pena", conta uma delas, rindo.
Em São Paulo, outra agente chegou a fazer até raio-X da arcada dentária no mesmo dentista que investigavam - Davidson Canille Hartman, chamado de Químico, que foi preso ano passado. Naquele dia, elas se passaram por pacientes e conseguiram filmá-lo.
A dupla de mulheres também foi responsável por escoltar Nilson Duarte da Silva, o Pagodeiro, preso ano passado e acusado de ser um dos maiores assaltantes de carros nas vias expressas do Rio. "Ele foi para a delegacia no banco da viatura, entre nós duas, e suava de medo", divertem-se. Mas, em audiência sobre sua prisão, uma delas foi alvo de preconceito por parte do advogado de Pagodeiro. "Ele perguntou à juíza: 'Se meu cliente é tão perigoso, como pode ter sido escoltado por duas mulheres?' Eu disse que era policial e que não tive treinamento diferente dos homens", contou.
Elas nem sempre só prendem ou colhem informações. "Quando os bandidos estão com filhos, somos responsáveis por distraí-los para que não vejam o pai sendo preso. É triste."
Fonte:
Agência O DIA
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/248641/visualizar/
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