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Nacional
Sábado - 13 de Janeiro de 2007 às 17:48

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A lama com dois bilhões de litros de resíduos químicos, vazados da mineradora Rio Pomba Cataguases na quarta-feira, chegou na noite de sexta-feira ao município de Itaperuna, no noroeste fluminense, mas a situação no local está sob controle. Ao contrário do que ocorreu em Lage de Muriaé, a água contaminada praticamente não causou inundações na cidade. Além de a mancha estar mais diluída, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) reforçou seu sistema de tratamento, garantindo o abastecimento público de água.

Presidente do órgão, Wagner Victer declarou que se não houver novos rompimentos na barragem da empresa, e nem uma grande quantidade de chuvas, a normalidade será mantida também nos demais municípios fluminenses que estão no curso do rio Muriaé.

"Aumentamos a quantidade de produtos químicos para tratar a água e estamos monitorando a qualidade da água a cada meia hora", afirmou Victer, em entrevista neste sábado pela manhã, na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no centro do Rio. Segundo explicou, em Itaperuna, a Cedae está conseguindo limpar a água que tem até 3 mil unidades de turbidez. O parâmetro atual na cidade está em torno de 1.600 unidades de turbidez. Em Lage de Muriaé, chegou a 40 mil unidades. O órgão reforçou também o seu efetivo no local, e conta, no momento, com 150 homens.

Apesar de ter evitado um impacto à população, com a manutenção do fornecimento de água, o presidente da Cedae observou que tem um plano de contingência preparado, caso seja necessário cortar o abastecimento. Carros-pipa estão enfileirados na cidade, prontos para garantir 1,5 milhão de litros de água por dia. Um caminhão vai chegar neste domingo à cidade com uma doação de 30 mil garrafas de água mineral, doados por uma empresa do setor de bebidas. "É um balanço extremamente positivo, pois conseguimos, ao máximo, reduzir os riscos à população."

Ao contrário de Victer, o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, apresentou uma visão mais pessimista da situação. "Em um sobrevôo realizado neste sábado, constatamos um caos absoluto. Essas medidas (anunciadas por Victer) são redutoras de risco, mas não o eliminam 100%", declarou, falando sobre uma eventual crise sanitária, que seria provocada pelo surgimento de casos de leptospirose. Em inundações, a bactéria causadora da doença, presente na urina do rato, se espalha nas águas, e pode causar contaminação por meio da pele e das mucosas.

Minc anunciou que, na segunda-feira, vai solicitar à Agência Nacional de Águas (ANA) R$ 3 milhões para a recuperação da sub-bacia de rios afetados pela lama química e para reforçar os diques do Rio Paraíba do Sul nas cidades de Campos e São João da Barra.

Seguindo o exemplo da Cedae, que vai entrar com uma ação indenizatória contra a Rio Pomba Cataguases, pelos gastos assumidos pelo órgão, que já passam de R$ 1 milhão, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente deve recorrer à Justiça para buscar reparações pelo acidente ambiental. O governo de Minas já aplicou uma multa de R$ 75 milhões à empresa, que é reincidente, pois causou acidente semelhante no ano passado.

"Vamos entrar com uma ação indenizatória e outra criminal, pela violação de cinco artigos da Lei de Crimes Ambientais", afirmou o secretário, acrescentando que as penas podem chegar a 15 anos de reclusão.

Durante a entrevista, Victer informou ainda ter conversado com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e conseguido algo que disse ser inédito na história da Cedae: a população de Lage de Muraé, que paga a conta mensal de água por estimativa, terá um desconto na mensalidade, para compensar os dias de corte no abastecimento.

Na segunda-feira, a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) vai divulgar o laudo sobre uma nova amostra da água contaminada, coletada na sexta-feira. Análise preliminar revelou que a lama não contém resíduos tóxicos.





Fonte: Estadão

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